Carro "vegetariano" vira alternativa para motoristas americanos
2006-08-02
No país que mais consome batatas fritas e gasolina, não poderia haver solução melhor: o chamado "carro vegetariano", que funciona com litros e litros de óleo vegetal. No momento em que os preços do combustível nos Estados Unidos andam nas alturas, alguns motoristas têm optado por converter seus carros para o sistema de combustão vegetal, uma alternativa mais econômica e que respeita o ambiente.
Os novos sistemas, operados apenas em carros com motor a diesel, são fabricados e instalados por várias empresas em todo o país, entre elas a Frybrid, Golden Fuel Systems, Greasecar, Plant Drive, Vegi Stroke e a Plantroleum.
Na Greasecar, cerca de 300 equipamentos de conversão são vendidos por mês por aproximadamente US$ 1.500 cada --incluindo o custo da instalação--, e, segundo um porta-voz da empresa, o negócio cresceu quase 20% desde a mais recente alta de preços da gasolina.
Dave Kandell, que mora em Nova York e um dos que optaram pelo sistema de combustão vegetal, está feliz com os resultados. No entanto, tem de enfrentar o embaraço de ir aos restaurantes à procura de óleo, em vez de dirigir-se ao posto de gasolina.
O sistema "vegetariano" funciona em todo tipo de clima, inclusive nas mais baixas temperaturas e opera com dois tanques de combustível: um para diesel e outro extra para óleo vegetal. O motor é ligado e desligado com o motor a diesel, que é responsável pelo aquecimento do óleo vegetal em outro tanque. Uma ligação elétrica permite a mudança entre um sistema de combustão e outro.
Restaurantes de luxo
Embora o sistema funcione com qualquer tipo de óleo, vegetal novo ou usado (desde que esteja filtrado e livre de água, bactérias ou componentes químicos), o que é utilizado em restaurantes de luxo é melhor do que o tipo hidrogenado, próprio das redes de fast food. Os fabricantes de sistemas de combustão de óleo vegetal esclarecem que o sistema não funciona com biodiesel.
Em termos de custos, os motores de combustão a óleo vegetal parecem trazer um certo alívio aos motoristas, já que enquanto o preço do galão de diesel (3,78 litros) se situa em cerca de US$ 3, um galão de óleo vegetal usado custa entre US$ 1,50 e US$ 2,49.
A economia proporcionada pelo sistema inovador também atende aos donos de restaurantes, que pagam pelo resíduo do óleo, e é apreciada pelos ecologistas, por gerar um índice de poluição menor. Segundo a Greasecar, a combustão do óleo vegetal, produto que também é renovável, não emana sulfeto --o principal agente cancerígeno associado ao diesel-- e emite menos dióxido de carbono que os combustíveis derivados do petróleo, vinculados às mudanças climáticas. No entanto, tais vantagens não indicam que o óleo vegetal vá substituir o petróleo como fonte de energia.
Calcula-se que os restaurantes dos EUA desprezam 100 milhões de galões de óleo por ano, mas essa quantidade só substituiria 0,07% dos 140 bilhões de galões de gasolina consumidos anualmente pelos americanos, supondo que todos usem o sistema à base de diesel, segundo Briante. Além disso, a Agência de Proteção Ambiental (EPA, na sigla em inglês) dos EUA alertou recentemente que esses sistemas violam a lei Clean Air Act, que estabelece padrões para emissão de gás poluentes na atmosfera, e que a conversão dos carros pode gerar uma multa de US$ 2.750 para seus proprietários.
(EFE, 01/08/2006)
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u14949.shtml