Vasconcelos defende construção de hidrelétrica no Rio Xingu
2006-08-01
O presidente da Eletrobrás, Aloísio Vasconcelos, disse que o Brasil vai precisar construir a usina de Belo Monte, no Rio Xingu, para garantir o suprimento de energia à população no futuro próximo. Segundo seus cálculos, se o país tiver um crescimento de 3% ao ano, precisará de um aumento de 4,5% no fornecimento de energia no mesmo período.
"Mas se o Brasil cresce 4% do seu PIB [Produto Interno Bruto, ou seja, a soma das riquezas produzidas] , a energia vai ter que crescer 6%. Isso significa que a gente vai ter que investir. Nós precisamos de 4 ou 5 mil megawatts/ano a partir de 2010”, afirmou. "Daí a necessidade da usina de Belo Monte", disse.
Vasconcelos afirmou que não há problema de crise de energia até 2010, porque “estamos inteiramente interligados, podemos suprir com bastante tranquilidade qualquer área”. Ele destacou, contudo, que a Eletrobrás continua a busca de parceiros na iniciativa privada através do fomento de fontes alternativas, como a energia das ondas do mar, a eólica (dos ventos) ou de fissão de hidrogênio.
O presidente da Eletrobrás criticou a defesa do meio ambiente através de “radicalismos”. “Todo mundo é favorável ao meio ambiente. Eu gosto muito da questão ambiental. Todos defendemos o desenvolvimento sustentado e queremos atingir essa beleza do desenvolvimento com preservação ambiental”, manifestou. Segundo ele, o desenvolvimento do Brasil passa pela preservação do meio ambiente, mas, também, pela construção do que chamou de "usinas estruturantes". Entre elas, destacou Belo Monte as duas usinas do Rio Madeira, em Rondônia, chamadas Jirau e Santo Antonio. As três usinas representarão juntas uma potência instalada de cerca de 12 mil megawatts, garantiu.
Vasconcelos disse que a questão do meio ambiente tem que ser vista com realismo, “não com radicalismo”. Daí a importância da realização de um debate mais construtivo, “porque o país precisa das usinas do Rio Madeira, em Rondônia (Jirau e Santo Antonio) e a engenharia tem as soluções para os problemas levantados pelo meio ambiente”, indicou. “O que não pode é radicalizar e fechar a porteira ao diálogo, ao debatem, que nós queremos seja construtivo.”
Ele disse que há muita ação e deliberação programada. “O que não podemos ter agora são esses entraves.” Vasconcelos espera que “o diálogo e o debate possam construir a solução.”
A declaração do presidente da Eletrobrás é uma referência às críticas de ambientalistas para impedir a construção dessas usinas. “Eu sou parceiro do meio ambiente, mas eu não sou subserviente ao meio ambiente. Eu acho que o Brasil tem que caminhar com os dois pés para a frente. Não pode é darmos um passo para a frente e eles darem um passo para trás”, manifestou.
Vasconcelos observou que a estatal vai continuar incentivando o programa Procel, de economia de energia e combate ao desperdício, que foi ampliado recentemente para as áreas hospitalar e de saneamento. “Então, eu estou muito tranqüilo que até 2010 a balança energética é bem estabilizada”.
(Por Alana Gandra, Agência Brasil, 31/07/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/07/31/materia.2006-07-31.6478702505