A transposição de águas do Tibet para o Rio Amarelo, a fim de promover o desenvolvimento do empobrecido e sedento oeste da China será feita apesar das críticas dos ambientalistas, anunciou hoje (01/08) um dirigente chinês, sem contudo marcar uma data para o início das obras. "Quando o desenvolvimento econômico e social do noroeste chegar a um certo nível e o potencial das medidas de economia de água se esgotar, o projeto será lançado", afirmou hoje em entrevista coletiva Li Guoying, diretor do Comitê de Conservação de Água do Rio Amarelo, dependente do Ministério de Recursos Hídricos.

Para ele, a obra é fundamental para que o esgotado Rio Amarelo, o segundo mais longo do país, afetado por contínuas secas, possa sustentar o desenvolvimento da região ocidental, um dos objetivos do atual Plano Qüinqüenal (2006-2010). A obra constitui o chamado "ramal oeste" da gigantesca transposição de águas do sul para o norte, um projeto faraônico iniciado em 2002. A finalização do programa está prevista para 2050 e deve atender à demanda de água em Pequim e outras cidades.

Os outros dois ramais, o leste e o central, servirão para levar a água do Yang Tsé, o rio mais longo do país, para o Amarelo, através de dois canais subterrâneos. O ramal oeste, o mais difícil e caro devido às condições do relevo, levará a água através de 300 quilômetros de túneis e canais, saindo dos rios Yalong, Dadu e Jinsha, no sudoeste do país.

O orçamento é de cerca de US$ 37,5 bilhões, do total de US$ 62,5 bilhões previstos para todo o programa, calculou Li. Na primeira fase, o ramal ocidental vai levar 4 bilhões de metros cúbicos de água por ano; no segundo, 5 bilhões; e na terceira; 8 bilhões. A meta final é de 17 bilhões de metros cúbicos anuais.

Durante a entrevista coletiva, Li anunciou também a entrada em vigor da primeira norma para regular o volume de água do rio Amarelo com o objetivo de conseguir um uso "sustentável" de seus recursos e melhorar as condições ambientais em suas margens poluídas. O rio Amarelo atravessa, ao longo de 5.464 quilômetros, oito províncias chinesas. Com apenas 2% dos recursos aqüíferos do país, precisa fornecer água a 12% dos habitantes e 15% das plantações.
(EFE, 01/08/2006)
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