Construção da 471 pode ter causado enchente
2006-07-31
O Bairro Navegantes, em Santa Cruz do Sul, voltou a alagar na manhã de quinta-feira (27/07) Dessa vez, não com a mesma
intensidade de outras ocasiões, mas o suficiente para assustar moradores e colocar o poder público novamente em alerta
quanto aos motivos da enchente.
A chuva nem foi das maiores. Segundo o coordenador da Estação Climatológica da Universidade de Santa Cruz do Sul
(Unisc), Marcelino Hoppe, de segunda-feira (24/07) até quarta-feira (26/07) a precipitação acumulou 65 milímetros. Mesmo
com esse resultado, o mês de julho não chegou a registrar a média de chuvas do período, que é de 127,7 milímetros.
O coordenador da Defesa Civil no município, Gastão Gal, ficou preocupado com o alagamento rápido mesmo com a pouca
chuva. “Até a manhã não sabíamos exatamente o motivo, mas aparentemente a água do Rio Pardinho estava sendo represada
em algum ponto.” Segundo ele, a suspeita recaía sobre a construção da RST–471, no trecho que passa próximo ao
Autódromo Internacional, na localidade de Capão da Cruz.
DAER – Para tentar confirmar o problema, uma equipe da Prefeitura percorreu as imediações do rio até perto da
rodovia. De acordo com o coordenador do Departamento Municipal de Meio Ambiente (Dema), Clero Ghisleni, a estrada, no
trecho a partir da BR–471 em direção ao Pardinho, teria realmente influenciado no represamento da água, que, acumulada,
acabou invadindo a região do Navegantes. “Constatamos que algumas aberturas feitas para escoamento ao longo da rodovia
não estão sendo suficientes.”
Com base nessa informação, o Executivo vai entrar em contato com o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem
(Daer), responsável pela RST–471, para aumentar o número de pontos de vazão ao longo do trecho, antes que uma chuva
mais forte possa ocasionar alagamentos mais graves.
Moradores voltaram a ficar apreensivos
Quando a água começou a subir ao longo da Rua Irmão Emílio, lembranças nada agradáveis passaram pela cabeça dos
moradores. Episódios de enchentes anteriores foram resgatados e se misturaram ao medo de que as casas pudessem ser
invadidas novamente.
No entanto, dessa vez no máximo alguns pátios ficaram alagados. Mesmo assim, teve gente que experimentou a apreensão.
Ilca Schultz, que mora há dez anos no bairro, disse que a água chegou no terreno dos fundos da residência dela. “Me
assustei. Tenho minha irmã doente morando comigo e teria que tirar ela se a enchente invadisse a casa. Todas as outras
vezes tivemos prejuízo.”
Laurinda Simianer aproveitou o sol que abriu à tarde para varrer a sujeira acumulada no pátio. “Fiquei com medo. Já peguei
alagamento duas vezes. Na primeira, perdi tudo.” Durante o dia, caminhões da Prefeitura auxiliaram no deslocamento de
pedestres e motoristas que ficaram ilhados entre pontos alagados no local.
(Por Jansle Appel Junior, Gazeta do Sul,
28/07/2006)
http://www.gazetadosul.com.br/default.php?arquivo=_noticia.php&intIdConteudo=58330&intIdEdicao=913