Aberta consulta pública para ampliação da Estação Ecológica do Cuniã, em Rondônia
2006-07-31
Encontra-se em estudo a ampliação da Estação Ecológica (ESEC) Cuniã para a consolidação das áreas protegidas na região do Médio Rio Madeira. A área proposta para ampliação está formada por 83 mil hectares em Rondônia e 15 mil hectares no Amazonas. A área proposta faz limite, ao sul, com a Reserva Extrativista (Resex) Cuniã do Lago do Cuniã, e ao norte com a BR 319, entre os quilômetros 55 e 120, sentido Porto Velho–Humaitá. A área faz fronteira a leste com a ESEC Cuniã e, a oeste, com a Floresta Estadual de Rendimento Sustentado Rio Madeira B.
Considerando a relevância biológica da região e a forte pressão antrópica, a área em estudo requer proteção integral para assegurar a preservação destes atributos para esta e futuras gerações.
A consulta publica para ampliação da ESEC Cuniã será realizada no dia 11 de agosto, às 9 horas, no auditório da Faculdade São Lucas, em Porto Velho, Rondônia.
A Estação Ecológica do Cuniã (ESEC Cuniã) é uma unidade de conservação criada pelo Decreto Federal de 27 de setembro de 2001 e localizada-se ao norte de Rondônia, no município de Porto Velho, divisa com o município de Humaitá–AM. A unidade é dividida em duas áreas disjuntas, denominadas área I (7.100 ha) e área II (46.120 ha), ambas adjacentes à Resex do Lago do Cuniã e é composta predominantemente pela Floresta Ombrófila Aberta do Bioma Amazônico e de transição com formações savânicas.
Importância biológica
A área em estudo para ampliação possui grande importância, tanto à conservação da biodiversidade (por determinação do Decreto 4.339 de 22 de agosto de 2002 e Portaria MMA 126, de 27 de maio de 2004), quanto ao fortalecimentoda barreira contra o avanço do arco do povoamento adensado - chamado “arco do desmatamento”, amenizando os impactos decorrentes do desmatamento na região que têm avançado sobre a Floresta Amazônica cada vez mais.
Outro problema a ser amenizado com a ampliação da ESEC Cuniã é a fragmentação de ecossistemas. Dentre os problemas que o desmatamento trás, um dos mais preocupantes é o isolamento de fragmentos, principalmente pela dificuldade de se conseguir manter grandes áreas contínuas preservadas.
Muitas espécies são vulneráveis à fragmentação de habitats, principalmente àquelas que necessitam de grandes extensões territoriais preservadas para manter suas populações geneticamente ativas, como os grandes predadores, a exemplo dos pumas (Puma concolor) e onças-pintadas (Panthera onca), ambos hoje ameaçados de extinção e com presença confirmada para a área da ESEC Cuniã.
Além da preservação dos grandes carnívoros, com o aumento de habitat preservado, as populações das espécies cinegéticas, como queixadas (Tayassu pecari) e catetos (Tayassu tajacu), por exemplo, que também requerem grandes áreas, serão beneficiadas com aumento de sua vida, o que causará conseqüentemente o aumento populacional dessas espécies. Fortalecendo a função de “área fonte” da ESEC Cuniã, pois os indivíduos que se dispersam da ESEC são utilizados como fonte de proteína pela comunidade tradicional da Resex Lago do Cuniã.
(Ibama, 28/07/2006)
http://www.ibama.gov.br/novo_ibama/paginas/materia.php?id_arq=4159