A Companhia Paranaense de Energia (Copel) iniciou na manhã de sábado (29/7) testes de operação com a Usina Elétrica a Gás (UEG) Araucária, de 484 MW, adquirida da norte-americana El Paso há dois meses, e com previsão de entrada integral no sistema interligado para o final de agosto ou início de setembro. Os testes durarão pouco mais de um mês e são exigidos pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A antecipação do funcionamento da termoelétrica está sendo realizada a pedido do ONS, com a finalidade de elevar a produção de energia no Paraná, economizando a água dos reservatórios das hidrelétricas afetados pela prolongada estiagem.

A Copel adquiriu o controle acionário da termelétrica (60% de participação) por US$ 190 milhões e inicialmente previu a entrada em operação para janeiro de 2007, com o investimento de R$ 11 milhões em adaptações. No entanto, os 484 MW de capacidade da usina serão incorporados ao sistema elétrico nacional em caráter emergencial, sem a conclusão dos ajustes.

Segundo o diretor de geração, transmissão e telecomunicações da estatal, Raul Munhoz Neto a usina ainda não está apta a suportar instabilidades comuns ao sistema elétrico, e "caso ocorra uma oscilação no sistema, as máquinas podem deixar de funcionar. Mas vamos resolver esse problema depois".

Hoje, a região Sul está recebendo 5.500 MW do Sudeste ou 65% da energia que consome, limite do que atualmente é possível enviar para região. Para atender o Sul, em caso de continuidade da seca, o ONS conta com a UEG e uma folga ainda existente nas termoelétricas do Rio Grande do Sul, que estão gerando 960 MW, de um total possível de 1.400 MW. Além disso, está sendo instalado um novo transformador de 200 MW na linha de transmissão entre Itaipu e o Sudeste, com o que se poderá ampliar um pouco mais a transmissão de energia para o Sul.

Outro problema da usina UEG apontado pelo governo era a incompatibilidade das turbinas com o tipo de gás natural fornecido pela Petrobras, mas as características do gás proveniente do gasoduto Bolívia-Brasil melhoraram e as turbinas foram liberadas pelo fabricante. Outra providência em andamento é a limpeza dos dutos que trazem o gás natural, para evitar que partículas depositadas na tubulação durante o período em que ficou inoperante cheguem às máquinas e atrapalhem a operação do equipamento.

Para 2007, o objetivo da Copel é tornar a usina bicombustível, apta a funcionar com uma segunda ou até mesmo terceira fonte de energia. As opções são o Hbio - tipo de biodiesel anunciado recentemente pela Petrobras e produzido na refinaria Repar, em Araucária -, além do óleo diesel e o álcool, com investimentos de R$ 32 milhões.
(Por Norberto Staviski, Gazeta Mercantil, 31/07/2006)