A falta de chuvas na região da Campanha já compromete o principal setor da economia de Bagé: a agropecuária.
Desde o início do ano até o final de julho, segundo dados do Departamento de Água e Esgoto de Bagé (Daeb), foram registrados 723 milímetros de chuva, 36% inferior à média de 1.129 milímetros registrada em anos anteriores.
O déficit hídrico de 406 milímetros pode comprometer 90% da produção de arroz.
- A situação é crítica. O ideal é formar a lavoura até setembro, mas, se não chover até fim de agosto, não plantarei quase nada - lamenta Ricardo Zago, que cultivou 800 hectares do cereal no ano passado e este ano pode substituir as áreas de arroz por pastagens para engordar gado.
Dos 20 mil hectares cultivados em 2005 pelos 160 produtores da região, apenas 10% serão plantados se o quadro não melhorar. Na última quarta-feira (26/07), choveu apenas 6 milímetros em um dia marcado por altos índices pluviométricos no Estado. A barragem do Piraí, que abastece a cidade, está três metros abaixo do nível normal.
O gado de corte só não está pior por causa da ausência do frio. Se as temperaturas estivessem baixas, a rala pastagem de inverno acabaria e comprometeria a alimentação.
- Teremos uma queda significativa na produção - diz o zootecnista da Emater Fábio Eduardo Schlick.
A pecuária leiteira ainda resiste porque o frio ainda não chegou. Segundo o diretor da Camal, principal empresa de laticínios da região, Sieghard Ott, os 500 produtores associados estão entregando normalmente a produção de 100 mil litros por dia.
- Enquanto não fizer frio tudo bem. A minha preocupação é com o verão. Se faltar chuva até lá teremos sérios problemas - prevê Ott.
O cultivo local de milho deve sofrer quebra de 70%. Das 500 toneladas de pêssego produzidas anualmente, serão colhidas apenas 150 toneladas este ano - uma perda, segunda a prefeitura, de R$ 245 mil.
(Por Leandro Belles,
Zero Hora, 28/07/2006)