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2006-07-28
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Pará (Faepa), Carlos Fernandes Xavier, afirmou que a entidade é contrária à produção ilegal de soja. Segundo Carlos Xavier, a Faepa sempre orientou os produtores rurais paraenses no sentido de se manterem dentro da legalidade, considerando que as leis existem para ser cumpridas. Lembrou que agora, mais do nunca, existe um instrumento que norteia o setor. Trata-se do Macrozoneamento Econômico-Ecológico (ZEE), discutido amplamente com a sociedade local e internacional, inclusive com o Banco Mundial, e aprovado por unanimidade pela Assembléia Legislativa do Estado. Um dos itens do ZEE é a compensação florestal, que começa a ser detalhada.

Paralelamente, a Faepa está articulando a criação de uma agência certificadora cujo objetivo é evitar obtenção de produtos agropecuários de maneira ilegal e a conseqüente divulgação de informações como as veiculadas na segunda-feira passada pelo jornal britânico “The Guardian” anunciando boicote à soja produzida na Amazônia, sob a alegação de que ela é produzida ilegalmente. “Não existe soja produzida ilegalmente no Pará”, afirmou Carlos Xavier.

A agência certificadora idealizada pelo presidente da Faepa deverá ser constituída por representantes dos setores governamentais - Secretaria Especial de Produção (Seprod), Secretaria Executiva de Tecnologia e Meio Ambiente (Sectam), Secretaria Executiva de Agricultura (Sagri), Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), econômicos - Federação da Agricultura do Estado do Pará (Faepa), Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento Agropecuário na Amazônia (Funagri), e ambientais como a Sociedade de Preservação aos Recursos Naturais e Culturais da Amazônia (Sopren), presidida pelo médico Camillo Vianna.

Ao se manifestar sobre a mesma questão, o integrante da Comissão de Grãos e Oleaginosas da Faepa, Rui de Souza Chaves, esclarece que o bioma amazônico é constituído de 418,44 milhões de hectares, e a área ocupada com a produção de grãos - arroz, milho, soja, feijão - corresponde 1,15 milhão de hectares, ou apenas 0,27%. Rui Chaves lembra que o Greenpeace apregoa que o plantio de soja é responsável pela destruição da floresta amazônica. "Dizer que se derruba floresta para plantar soja é uma heresia.

A soja é um cultivo altamente tecnificado e quando se derruba floresta não se pode usar máquina nem sequer para semear. Há necessidade de se destocar a área e isso implica oneração financeira que se reflete no custo de produção. Ninguém faz isso", afirmou Rui Chaves, que é engenheiro agrônomo e produtor rural. Ele acrescentou que os espaços ocupados com o plantio de soja são áreas andropizadas, isto é, já alteradas, constituídas, principalmente, de capoeira fina. Nessas circunstâncias, é mais vantajoso plantar soja devido ao seu alto poder de seqüestrar de carbono e liberar oxigênio. "É preciso desmascarar essas mentiras pregadas pelo Greenpeace", afirmou.

Boicote é descartado
O integrante da Comissão de Grãos da Faepa não acredita, portanto, que vá prevalecer a ameaça feita pelos supermercados, cadeias de fast-food e fabricantes de alimentos da Europa, de cancelar a compra da soja e derivados produzidos na Amazônia sob a alegação de que seja de origem ilegal, bastando, que se reponha a verdade dos fatos nos seus devidos lugares . "Não consideramos a possibilidade desse boicote.

O Greenpeace usa a emoção e não a razão, e quer impor suas idéias aos outros sem qualquer embasamento científico", avalia Rui Chaves, que também é presidente Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento Agropecuário na Amazônia (Funagri). Essa entidade é responsável pela elaboração do projeto "Pesquisa e Transferência de Cultivares e Tecnologias para a Produção Sustentável de Grãos no Estado do Pará", que objetiva viabilizar soluções tecnológicas capazes de garantir sustentabilidade aos agroecossistemas produtivos, de forma a torná-los eficientes, eficazes, competitivos e ao mesmo tempo apresentar baixo nível de riscos agroambientais, bem como transferir tecnologias aos produtores rurais do Pará através de modernas técnicas de comunicação e difusão, tendo como instrumento, entre outros, a montagem de vitrines de tecnologias. Esse projeto vai ser apresentado à sociedade por ocasião da 29ª Exposição Agropecuária de Santarém, que se realiza de 29 de julho a 6 de agosto.

Chaves reafirma que os produtores de soja não derrubam mata nativa para plantar soja. "Quando você derruba árvores, fica o toco e a soja só é plantada em áreas planificadas e preparadas. O processo é feito de maneira que o homem não toca nas sementes. Não dá passa passar a adubadeira por cima de áreas com tocos de árvores. Não existe esse desmatamento e isso precisa ser desmistificado perante a opinião pública", ressaltou.
(Diário do Pará, 27/07/2006)
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