Para conhecer a diversidade de organismos aquáticos de um ecossistema, nada melhor do que vigiá-los 24 horas por dia. Pensando nisso, biólogos do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec), em Curitiba, resolveram desenvolver um sistema de captação de imagens em profundidades de até 300 metros.
O monitoramento é realizado por uma câmera de vídeo inserida em uma caixa estanque. Por meio de cabos blindados e submersos, o equipamento é conectado a uma central em terra, na qual são separadas as imagens da região estudada. O Sistema de Monitoramento Biológico e Inspeção Subaquática, como foi intitulado, foi desenvolvido no Departamento de Recursos Ambientais do Lactec.
“As imagens são transmitidas em tempo real para um codificador que as transforma em arquivos digitais. O sistema é capaz de armazenar até 24 horas de imagens com grande precisão de detalhes”, disse Ariel Scheffer da Silva, coordenador do projeto e pesquisador do Lactec.
Os primeiros testes ocorreram durante um campeonato de canoagem realizado em junho no Canal de Águas Bravas da Itaipu Binacional, no oeste do Paraná. A idéia era acompanhar de perto o comportamento dos peixes no Parque da Piracema e verificar se a prática esportiva afetava a migração das espécies.
“Além de verificar que os peixes não sofreram impacto significativo durante o evento, conseguimos identificar as famílias dos animais, incluindo uma espécie de caranguejo que nunca havia sido vista na região”, disse Silva. O sistema abre a possibilidade para a identificação de novos organismos, tanto na água doce como na salgada.
A fase atual do projeto é o desenvolvimento de um software de monitoramento ambiental específico para o sistema. O objetivo é permitir que as análises sejam feitas automaticamente.
“Com base nas fotos-padrão das populações de peixes de um determinado ecossistema, o software poderá congelar e classificar imagens para formar um amplo banco de dados sobre a diversidade de famílias e espécies”, disse Silva.
(Por Thiago Romero,
Agência Fapesp, 28/07/2006)