Poluição em SP agrava problemas de saúde causados pela baixa umidade
2006-07-27
A baixa umidade relativa do ar em São Paulo é muito pior do que a mesma situação em Brasília. Tudo porque a poluição causada pela frota de mais de 5 milhões de carros agrava ainda mais os problemas de saúde causados pelo clima seco.
"O problema é que o ar seco causa irritação nas pessoas por si só. Quando alguém tem a mucosa irritada, a entrada de uma partícula poluente é facilitada. Juntando os dois problemas, as doenças respiratórias se agravam", diz o consultor ambiental Gabriel Branco, que foi responsável pelo programa de controle de poluentes veiculares da Cetesb por 20 anos.
Branco participa da primeira conferência Iniciativa do Ar Limpo para as Cidades da América Latina, que teve início ontem no Anhembi. Ele diz que carros e ônibus são responsáveis por mais de 50% da poluição atmosférica em São Paulo.
Segundo os médicos, a baixa umidade do ar leva a problemas nas vias respiratórias e desconforto nos olhos. É comum ressecar o nariz por causa da desidratação do muco. "Ele torna-se mais grosso e menos eficiente contra microrganismos. A falta de chuva e a inversão térmica pioram o quadro, pois elevam o número de partículas poluentes que inalamos", diz Richard Voegels, presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico-Facial.
Uma solução, diz ele, é lavar o nariz duas vezes ao dia com soro fisiológico. Ele indica também beber por dia dois litros de líquidos. Segundo o pneumologista Carlos Viegas, da UnB (Universidade de Brasília), para a pessoa saber se estar bebendo o suficiente é só checar se a urina está quase incolor.
O ar seco combinado à poluição também afeta os olhos. Vermelhidão, sensação de areia nos olhos, embaçamento visual e ardência são alguns sintomas. Lentes de contato também podem incomodar.
A Secretaria Municipal da Saúde não informou quantos atendimentos são causados pela poluição e pela baixa umidade do ar. Divulgou só que, de janeiro de 2005 a março deste ano, houve 66 mil internações por doenças respiratórias, que custaram R$ 47,26 milhões.
(Por Daniela Tófoli e Flávia Mantovani, Folha de S. Paulo, 26/07/2006)
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2607200610.htm