Brasil vai fabricar carro elétrico
2006-07-27
O Brasil desenvolve seu primeiro carro elétrico, que será produzido em série a partir do próximo ano. A tecnologia, vista como alternativa à escalada do preço do petróleo, além de menos poluente, estará disponível nos dois minicarros que a empresa carioca Obvio! Vai exportar para os EUA no fim de 2007. Após cinco horas ligado a uma tomada normal de 110 volts, o veículo poderá percorrer 250 quilômetros. Com meia hora na tomada, a autonomia será de 20 a 80 quilômetros, dependendo do modelo do automóvel.
O minicarro para três passageiros terá duas versões, uma básica, a 828, e outra esportiva, a 012. As versões elétricas vão custar US$ 45 mil e US$ 59 mil, respectivamente. Também serão oferecidas opções flex, que rodam com álcool ou gasolina, por US$ 14 mil e US$ 28 mil.
A Obvio! Tem 50 mil encomendas dos modelos flex e 10 mil do elétrico feitas pela ZAP (Zero Air Polution), empresa da Califórnia que produz veículos elétricos e é dona de 20% das ações da montadora carioca. Um novo contrato de 35 mil unidades está sendo negociado com uma rede de distribuição de veículos, segundo o presidente da Obvio!, Ricardo Machado.
O executivo negocia com seis empresas americanas a tecnologia a ser adotada para o sistema elétrico. "Uma das exigências é que a empresa escolhida instale uma fábrica no Rio, próximo a Xerém, em Duque de Caxias, onde está a Obvio!", diz.
O prédio onde funcionou a Fábrica Nacional de Motores (FNM), da Fiat, foi alugado pela Prefeitura e cedido à Obvio!, que também tem assegurados incentivos fiscais do governo estadual. As máquinas para produção serão importadas da Alemanha e chegam ao País em janeiro. Em março começa o processo de contratação de funcionários. O processo produtivo não será automatizado. Machado calcula que serão necessários 4 mil empregados para produzir de 50 mil a 70 mil unidades/ano. O índice de nacionalização supera 80% das peças.
A Obvio! Promete seus minicarros ao mercado desde 2003, mas o projeto foi prorrogado várias vezes. Em 2005, com a associação da ZAP, que se comprometeu a bancar US$ 700 milhões em investimentos, o negócio ganhou corpo. Desde então, os modelos participaram de quatro salões de automóveis nos EUA.
"Estamos negociando com bancos europeus e brasileiros um projeto de financiamento de longo prazo", afirma Machado. Esse tipo de financiamento permite que o fluxo de caixa futuro seja usado para quitar as prestações do empréstimo. Os ativos do projeto servem de garantia. Não há previsão de vendas do minicarro no Brasil. "Estamos com a produção toda vendida", diz o executivo.
(Por Cleide Silva, O Estado de S. Paulo, 26/07/2006)
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