Usinas reduzem geração de energia no norte do Estado
2006-07-26
Obedecendo a programação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as usinas hidrelétricas
de Itá e Machadinho — divisa do Rio Grande do Sul e Santa Catarina — reduziram sua geração de
energia elétrica. A medida se deve ao quadro de estiagem que atinge o Sul do País há vários
meses. Na segunda-feira (24/07), a capacidade de geração de energia era de 25%, situação que pode ser
atenuada após as chuvas que caíram ontem (25/07) na região.
O Operador Nacional busca suprir as necessidades utilizando hidrelétricas onde as chuvas são
mais abundantes, e preservar onde há escassez de precipitações. Esta decisão não afeta o
sistema nacional de abastecimento de energia, porque a geração que é reduzida na Região Sul é
suprida pelo resto do sistema que opera de modo interligado.
Segundo o gerente das usinas de Itá e Machadinho, Elinton Chiaradia, as chuvas do período têm se
mantido nos níveis normais para um típico período do verão. Ele diz haver uma expectativa de
chuvas mais constantes e fortes (características do inverno) na segunda quinzena de julho. A
chuva que caiu na madrugada de ontem e esparsas ao longo do dia na região do Alto Uruguai no
norte do Estado não foram suficientes para amenizar o quadro de estiagem em vários municípios.
Onze municípios da região já decretaram situação de emergência: Barra do Rio Azul, Aratiba,
Mariano Moro, Severiano de Almeida, Três Arroios, Marcelino Ramos, Viadutos, Carlos Gomes,
Áurea, Centenário e Itatiba do Sul. A estiagem que se acentua na região Alto Uruguai ano a ano
não é nenhuma surpresa para o responsável pela Estação Agrometeorológica da Fepagro/Norte.
Médias
O professor Artêmio Calgarotto, que há mais de 25 anos confere diariamente as condições
do tempo — temperaturas, umidade e precipitação de chuvas —, tem números para comprovar a tese.
Segundo o professor, a média histórica da ocorrência de chuvas em Erechim até o ano de 2000 era
cerca de 2.200 milímetros/ano. A partir daquele ano, de acordo com Calgarotto, começou a chover
em média 500 milímetros a menos/ano, até fixar-se numa média de 1.700 milímetros/ano. “Hoje nós
temos aqui um déficit hídrico de 2000 a 2500 milímetros”, contabiliza.
Artêmio relata que, com a redução nas chuvas a cada ano, é natural a diminuição de água
infiltrada no solo e com isso diminuem as vertentes para alimentar rios, lagos e açudes,
gerando o desequilíbrio dos mananciais da região. “É lógico o fato de cada ano ter menos água,
se a cada ano chove menos”, sintetiza.
(Diário de Canoas, 26/07/2006)
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