Como todo país, o Brasil precisa crescer. Mas o desenvolvimento implica diretamente no aumento do consumo de energia, calcanhar-de-aquiles da economia mundial. Em meio a discussões sobre geração de energia alternativa e a diminuição na deterioração do meio ambiente, especialistas estudam maneiras de desenvolver moradias não apenas ecologicamente corretas, mas que aproveitem ao máximo a energia conseguida naturalmente no ambiente.
Um modelo, que leva o nome de Casa Eficiente, vem sendo desenvolvido em Florianópolis, pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria com a Eletrosul Centrais Elétricas.
O projeto faz parte do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), do Ministério de Minas e Energia, e foi apresentado na 58ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada na semana passada na capital catarinense.
“A Casa Eficiente é uma vitrine de tecnologias de ponta voltadas para a construção habitacional. É um grande laboratório para testar, por exemplo, estratégias de condicionamento de ar ou aquecimento solar”, disse Roberto Lamberts, do Núcleo de Pesquisa em Construção (NPC) da UFSC.
A casa utiliza princípios da habitação sustentável aliados ao conforto de uma moradia de alto padrão. Entre suas características estão o bom aproveitamento do terreno, a combinação de zonas de luz e sombra alternadas nas diferentes estações do ano, a utilização de equipamentos mais econômicos, a reutilização da água da chuva e o acesso a deficientes.
“A construção sustentável consiste em escolher a solução mais adequada para cada região, não adianta importar modelos. A casa brasileira padrão ainda segue o modelo trazido pelos portugueses, com a diferença de que empilhamos concreto”, disse Vanderley Moacir John, do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, também na reunião da SBPC.
Para Lamberts, o apagão que ocorreu em 2000 e a crise que se seguiu foram, de certa forma, benéficos para a mudança de hábito da população. “O brasileiro aprendeu a usar racionalmente a energia elétrica e hoje, seis anos depois, o consumo ainda é inferior do que na época”, disse o pesquisador, também presidente da Associação Nacional Tecnologia do Ambiente Construído (Antac).
(Por Karin Fusaro,
Agência Fapesp, 26/07/2006)