Madeireiras do Amazonas perdem mais 19,61% de seus negócios
2006-07-26
As indústrias madeireiras do Amazonas apresentaram um declínio de 19,61% em faturamento nos primeiros cinco meses do ano num quadro comparativo com igual período de 2005.
No intervalo de janeiro a maio as indústrias do setor faturaram US$ 7.71 milhões, ante a cifra de US$ 9.59 milhões do faturamento de igual período do ano anterior.
Segundo o diretor do Sindicato das Indústrias de Madeiras Laminados e Compensados do Amazonas, George Abouchahla, a demora do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambientee dos Recursos Naturais Renováveis) em autorizar o plano de manejo para liberar a madeira tem sido o principal entrave para o desenvolvimento do setor.
“Estamos sendo prejudicados por causa do Ibama, que tem demorado em liberar as matérias-primas que precisamos”, disse.
O superintendente em exercício do Ibama, Mário Lúcio Reis, informou que o órgão cumpriu a rigor as determinações da legislação ambiental até os primeiros três meses deste ano, quando passou essa responsabilidade para a competência do Estado.
Ibama aponta irregularidade de extratores
De acordo com Mário Lúcio Reis, a demora no processo de liberação de madeira, que pode ultrapassar a quatro meses, acontece devido às irregularidades dos próprios extratores desses recursos florestais. “Só autorizamos o plano de manejo de quem cumpre todos os requisitos legais, mas infelizmente 80% dos produtores não estão adequados à legislação, portanto, ficamos impossibilitados de conceder o plano de manejo”, explicou.
Reis disse que a maior parte dos extratores de madeira tem dificuldade em apresentar comprovantes documentais de propriedade da terra. “Cerca de 80% dos produtores não apresentam o documento de propriedade rural, então, não há condições de autorizarmos o plano de manejo”, justificou .
Em cumprimento da legislação ambiental, desde março os processos para licenciamento do plano de manejo estão sendo encaminhados para a esfera estadual, por meio do Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas).
Até março deste ano, o Ibama tinha autorizado 60 projetos de plano de manejo.
Linhas paralisadas
O representante do setor madeireiro, George Abouchahla, informou que já existem indústrias com a linha de produção paralisada, o que pode resultar na dispensa de milhares de trabalhadores. Esse é o caso do setor de compensados. “Das quatro empresas existentes apenas uma está produzindo e só 25% de sua capacidade produtiva, as demais estão todas paradas”, afirmou .
Na opinião do presidente do sindicato da categoria, a atual situação das indústrias madeireiras é preocupante; caso o problema permaneça, as fábricas sofrem o risco de falir e de dispensar o quadro de funcionários. “Hoje, só as indústrias de compensados geram mais de mil empregos diretos”, assegurou Abouchahla
A Amaplac é uma das fabricantes do setor que está com sua linha de produção paralisada. De acordo com George Abouchahla, que também é diretor da empresa, a situação tende a permanecer como está nos próximos meses.
Conforme o executivo, a empresa só não faliu porque está conseguindo pagar as despesas de funcionamento, como impostos e encargos. No entanto, estamos sem perspectivas de melhoras”, admitiu o empresário.
Embora o problema tenha se agravado neste ano, a situação negativa advém desde 2000, principalmente para as indústrias de compensados que sofrem com a escassez de matéria-prima. “O material que precisamos existe em pouca quantidade no Amazonas, é uma espécie de madeira branca e leve, isso associado ao atraso na liberação do Ibama complica ainda mais o setor”, conclui George Abouchahla.
(Por Gilbernilson Oliveira, Jornal do Commercio, 26/07/2006)
http://www.jcam.com.br/materia.php?idMateria=40768&idCaderno=2