Os cerca de três mil turistas que visitam diariamente nesta época do ano as Cataratas do Iguaçu estão presenciando um espetáculo raro: falta água à mais volumosa queda-d´água do mundo.

O serviço de monitoramento da Companhia de Energia Elétrica do Paraná (Copel) registrava ontem, às 14 horas, uma vazão de 245 metros cúbicos por segundo, quando a média histórica do período é de 1,5 mil metros cúbicos por segundo. A seca que atinge o Paraná é uma das piores dos últimos 70 anos. Quarenta e cinco cidades estão em situação de emergência.

O Parque Nacional do Iguaçu, que abriga as cataratas, registrou no ano passado 1,08 milhão de visitantes, um recorde. Sessenta por cento dos visitantes são estrangeiros. "É decepcionante", afirma o catarinense José César, que visitou as cataratas ao lado da mulher, Angta Stédile. "É a primeira vez que venho e não há água, só tem pedra para ver." Muitos turistas reclamam de não terem sido avisados pelas operadoras.

A decepção veio logo no primeiro contato com as cataratas, no início da trilha de 1,2 quilômetro e mais de 500 degraus que conduz ao Salto Floriano, diante do qual se estende a passarela que permite a visão da Garganta do Diabo, do lado argentino das cataratas, a mais espetacular das 275 quedas do local. O Salto Floriano, onde os turistas são servidos por um elevador panorâmico, está praticamente seco. Só alguns filetes de água cortam a monotonia do seu enorme paredão rochoso.

"Nunca vi nada parecido", diz Waldemar Mlakzer, funcionário do parque. Soba Kikuchi, morador de Foz, diz que a seca é grande, mas em 1978 foi pior.
(Tribuna da Imprensa – RJ, 25/07/2006)
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