Planta amazônica tem verba para marketing
2006-07-26
Um projeto no município de Silves (AM) que visa gerar renda para famílias pobres por meio da fabricação de produtos à base de plantas amazônicas vai receber, a partir de agosto, um financiamento de R$ 227,7 mil. Os recursos serão usados para dobrar o número de domicílios beneficiados e difundir os produtos em outros mercados.
Chamada Projeto Comunitário de Produção Sustentável de Óleos Essenciais da região de Silves, a iniciativa é desenvolvida pela AVIVE (Associação Vida Verde da Amazônia), formada praticamente só por mulheres. Ela ajuda um grupo de 105 famílias a produzirem artigos como sabonetes e velas cujas bases são óleos extraídos de espécies vegetais aromáticas da região.
“As famílias vivem de pequenas criações e plantação de subsistência. Há seis anos, no início da associação, fizemos um levantamento socioeconômico e a média de renda familiar era de R$168. A venda dos produtos naturais ajuda na renda dessas pessoas”, ressalta a coordenadora da AVIVE, Bárbara Schmal.
Apoiado pelo PROVÁRZEA/IBAMA (Programa de Manejo dos Recursos Naturais da Várzea) do final de 2002 ao início de 2006, o projeto recebeu, em novembro de 2005, o prêmio Professor Samuel Benchimol, que contempla iniciativas inovadoras em prol da Amazônia. Com isso, conseguiu também o financiamento de R$ 227,7 mil do Banco da Amazônia e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Com o montante recebido, a associação pretende beneficiar o dobro das 105 famílias beneficiadas atualmente. Também estão planejados investimentos em marketing, na participação em feiras no Brasil e fora do país, em testes laboratoriais para atestar a qualidade dos produtos, em assistência jurídica para os associados e no mapeamento de espécies em áreas ainda não exploradas do município. Bárbara esclarece que o inventário é importante para identificar e classificar as espécies com potencial econômico, aumentando o leque de produtos comercializados.
Atualmente a associação retira o óleo de cinco espécies, e quer dobrar esse número. A área já inventariada é de 28 hectares, e a expectativa é usar parte do financiamento para concretizar esse trabalho em outros 120 hectares, e, assim, aumentar a matéria-prima disponível. A expectativa é, com isso, elevar a produção: hoje a AVIVE faz de 300 a 500 sabonetes mensalmente, e a meta é multiplicar por dez essa quantidade.
A produção das famílias de Silves é vendida em uma loja no próprio município, em cerca de 20 lojas no Brasil e no exterior, e principalmente em feiras e eventos. A comunidade é responsável por todo o processo, da extração do material à fabricação dos produtos. “Existem outros projetos que trabalham com a extração de óleos vegetais, e vendem para indústrias. Já nós também fazemos o produto acabado, o que agrega valor”, destaca a coordenadora da AVIVE.
(Por Gustavo Villas Boas, PNUD Brasil, 24/07/2006)
http://www.pnud.org.br/meio_ambiente/reportagens/index.php?id01=2150&lay=mam