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2006-07-25
O projeto de construção do primeiro aquário brasileiro que vai abrigar exclusivamente espécies de peixes da bacia do Rio São Francisco, no Jardim Zoológico de Belo Horizonte, dá os primeiros sinais de que vai sair do papel, apesar de ainda não ter todo recurso necessário para sua construção. Foi publicado no Diário Oficial do Município (DOM), requerimento da Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) ao Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam) com pedido da licença de implantação do projeto, que deve ser apreciado mês que vem.

O prédio terá 2,4 mil metros de área construída, com dois andares e 24 tanques para peixes. O projeto, que está sendo elaborado por uma empresa de Ubatuba (SP), já foi licitado e homologado pela prefeitura da capital. Graças a um convênio com o Ministério do Meio Ambiente, firmado em junho de 2004, a PBH recebeu R$ 800 mil e vai oferecer contrapartida de R$ 200 mil. Mas para construir o espaço, a administração municipal precisa de mais R$ 3 milhões. A Fundação Zôo-Botânica, que administra o zoológico e desenvolve o projeto do aquário, tenta, há dois anos, firmar parcerias com a iniciativa privada para levantar recursos.

“Estamos em busca de novos parceiros, como empresas públicas, privadas e empresários. Acreditamos que o aquário vá atrair ainda mais turistas e visitantes a Belo Horizonte, além de consolidar a Pampulha como centro de cultura, história, lazer e meio ambiente da capital. É importante ressaltar que o empreendimento será construído numa região que integra a bacia do São Francisco e terá como principal objetivo ser um espaço de educação ambiental e pesquisa científica”, afirma o presidente da Zôo-Botânica, Evandro Xavier. A previsão dele é de que a construção do prédio, montagem dos tanques e equipamentos, acabamento do aquário, coleta dos peixes e sua preparação para exposição levem três anos.

O zoológico e o Jardim Botânico de BH atraem, anualmente, 1 milhão de visitantes. Com a inauguração do aquário, esse número pode aumentar ainda mais. Segundo Xavier, os zoológicos não são mais apenas locais de visitação turística de animais. “São verdadeiras arcas de Noé do mundo contemporâneo, porque aliam o cuidado e manejo adequado dos animais, com pesquisa e educação ambiental”, explica. Reunir pelo menos um peixe de cada uma das 158 espécies encontradas na bacia do São Francisco, pode ser um primeiro passo rumo à revitalização desse importante curso d´água. O rio nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais, e atravessa os estados da Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Sua bacia também abrange parte de Goiás e do Distrito Federal.

Consciência
“O debate travado entre revitalização e transposição é rico, mas precisa de ações concretas, como sua recuperação. Acredito que o fato de Belo Horizonte investir num projeto dessa envergadura seja uma mostra de que, no futuro, além da reprodução dos peixes, poderemos fazer sua reintrodução em áreas da bacia nas quais eles não são mais encontrados”, completa Xavier.

Para o professor e biólogo Alexandre Lima Godinho, coordenador do Centro de Transposição de Peixes da Universidade Federal de Minas Gerais, projetos como o do aquário devem ser valorizados, pois são fundamentais para a educação da população. “Educar a população não é barato e essa é uma forma de levar informações da ictiofauna (conjunto de peixes de uma região ou de um ambiente) do São Francisco a um grande número de pessoas, despertando em todos a consciência ambiental e de preservação”, diz.
(Por Cristiana Andrade, Estado de Minas, 24/07/2006)
http://www.uai.com.br/uai/noticias/agora/local/251201.html

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