Pernambuco firma parceria com Cuba para clonagem de cana-de-açúcar
2006-07-25
Funcionando experimentalmente desde o final do ano passado e inaugurada em junho último pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, a Biofábrica de Cana-de-açúcar "Governador Miguel Arraes" deverá contar, até o final do ano, com uma nova tecnologia de clonagem de mudas. Três técnicos cubanos do Instituto Nacional de Investigaciones de la Caña (INICA) estão em Recife para repassar aos técnicos pernambucanos detalhes do método de imersão temporária com a utilização de bioreatores.
Vinculada ao Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), unidade do Ministério da Ciência e Tecnolgia, a Biofábrica utiliza a técnica da micropropagação, onde é feita a replicação da cana in vitro. Um conjunto de seis estufas construídas no município de Catende (PE), cumpre a etapa ex vitro para clonagem da cana, que é a climatização das mudas.
A tecnologia adotada em Cuba é a da imersão temporária com a utilização de bioreatores. Nesse procedimento, ao invés de utilizar o sistema tradicional para a cultura de tecidos, com "tubos de ensaio" (meio da cultura), os pesquisadores usam um bioreator, uma espécie de "depósito grande de vidro" com nutrientes, reguladores do crescimento e oxigenação, explica o pesquisador Júlio Zoé, coordenador do projeto de implantação da biofábrica.
Júlio Zoé conta que a tecnolgia de micropropagação por bioreatores é originalmente uma tecnologia francesa, de boa qualidade, mas, de difícil acesso por ser de alto custo. Os cubanos desenvolveram, então, um novo tipo de reator, o que barateou sua utilização. "Junto com eles, estamos adequando o que temos e vamos torná-la mais barata ainda", diz Zoé, que prevê um aumento de 30% na produtividade da biofábrica, com a adoção da nova técnica.
"Vamos implantar a tecnologia de bioreatores em sistema de imersão temporária e depois vamos manter o intercâmbio de tecnologia e informações", afirma Leydi Avilla, pesquisadora do INICA que faz o trabalho juntamente com os pesquisadores Aydiloide Villegas e Pablo Machado.
A técnica consiste em, numa primeira fase, adquirir mudas melhoradas geneticamente da Estação Experimental de Carpina, vinculada à Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). "Em um segundo momento, essas espécies tem seus meristemas retirados e então recebem um tratamento fitotérapico, gerando futuras plantas com maior qualidade fitossanitária, livre de patógenos", diz Júlio Zoé.
(Por Fabiana Galvão, Ministério da Ciência e Tecnologia, 24/07/2006)
http://agenciact.mct.gov.br/index.php/content/view/40572.html