Anúncio de boicote à soja da Amazônica provoca reação de entidades representantes
2006-07-25
O anúncio de que as quatro maiores tradings de soja do Brasil (ADM,
Bunge, Cargill e Louis Drayfus) irão boicotar a compra de soja
proveniente de regiões desmatadas da Floresta Amazônica fez com que as
principais entidades representantes tomassem medidas rápidas.
A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a
Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) anunciaram que,
a partir da safra 2006/07, irão implantar um sistema de governança,
"em que não será mais permitida a comercialização da soja oriunda de
regiões de desmatamento".
Segundo Sérgio Mendes, diretor-executivo da Anec, o Bioma Amazônico
corresponde a 418,44 milhões de hectares e as lavouras de soja ocupam
uma área de 1,15 milhão de hectares dentro desse universo. "A soja
nessa região representa apenas 0,27% da área total. Vamos mostrar às
Organizações Não-Governamentais (ONG) que essa é uma área muito pequena
e que não prejudica em nada o bioma amazônico", afirma Mendes.
O próximo passo das entidades é encontrar o interlocutor adequado para
passar às ONGs internacionais os números levantados sobre o cultivo de
soja na Amazônia. Um dos nomes mais cotados é o de Mário Mantovani,
diretor de Relações Institucionais da SOS Mata Atlântica. "É importante
que essa pessoa seja respeitada pelas ONGs e que ela possa passar as
informações de forma clara", explica Mendes, ao informar que ainda não
existe um nome fechado.
A pressão das tradings é resultado de um acordo firmado entre
supermercados, empresas alimentícias e redes de fast-food
internacionais, que se comprometeram em não utilizar soja cultivada
ilegalmente na região amazônica.
(O Estado de S. Paulo, 24/07/2006)
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