O Programa Pró-Rio Uruguai Aqüífero Guarani foi apresentado a prefeitos gaúchos durante reunião no município de Garruchos, na região das Missões, na sexta-feira (21/07). O evento abordou diversas questões de interesse para a região, como os benefícios que a preservação do Rio Uruguai pode acarretar. A explanação ficou a cargo do coordenador executivo do projeto, João Manoel Bicca, que fez uma análise minuciosa das peculiaridades que envolvem essa iniciativa. A baia hidrográfica do Rio Uruguai é formada por um conjunto de rios superficiais que estão sendo alvo das ações de proteção ambiental do projeto, que se desenvolve com a parceria entre os governos gaúcho e catarinense.

Antes do início do programa, tanto o Rio Uruguai quanto a bacia hidrográfica estavam sendo constantemente poluídos, devido ao despejo de detritos que prejudicavam a sua preservação. Já o Aqüífero Guarani, por sua vez, é o maior manancial de água doce subterrâneo do mundo. No Brasil, ele se estende por sete Estados, além de estar também abaixo do solo da Argentina, Uruguai e Paraguai. Em território gaúcho, 80% da área do aqüífero fica sob a bacia hidrográfica do Rio Uruguai. Este é o principal indicador da importância da preservação das águas superficiais, pois, dessa forma, não contaminarão o bem natural do aqüífero com a troca de recursos hídricos, que se dá pelo solo. Ou seja, ao proteger a bacia, o projeto acarreta benefícios para as água submersas. Diante da realidade mundial, que aponta cada vez mais para a escassez e degradação dos recursos hídricos, é essencial a execução de programas de cultivo da qualidade hídrica do planeta.

O aqüífero tem ainda a vantagem de reposição dos seus recursos hídricos, em virtude da captação de água das chuvas pelas pedras porosas. O imenso manancial pode abastecer toda a população brasileira por mais 2.500 anos, no entanto, para que isso seja possível, é preciso ampliar os cuidados com a ecologia de toda a América do Sul. No decorrer do evento, também foi debatida a possibilidade da criação do Parque Nacional do Pau Ferro, que seria uma reserva ambiental às margens do Rio Uruguai. Para concretizar o pleito, podem ser utilizadas verbas advindas das medidas compensatórias geradas pela estação conversora de Garruchos. O município é o maior pólo de conversão de energia elétrica do Brasil.

Ainda nesta semana, Bicca, em reunião com o embaixador do Ministério das Relações Exteriores no Rio Grande do Sul, para assuntos do Mercosul, Claudio Lyra, apresentou todos os aspectos e objetivos do projeto Aqüífero Guarani. Na ocasião, foram abordadas as questões primordiais, bem como o avanço, aperfeiçoamento e atual situação dessa iniciativa. Segundo Bicca, Lyra leva o Programa Pró-Rio Uruguai Aqüífero Guarani ao conhecimento das instâncias superiores e ao próprio ministério, em Brasília, pois, posteriormente, a idéia é pleitear o apoio da União para instaurar o plano diretor da bacia hidrográfica do Rio Uruguai, onde seria possível criar uma pasta coordenadora do projeto macro.
(Jornal Agora, 24/07/2006)
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