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2006-07-24
Em meio à selva de pedras, quase no coração da cidade, um espaço é capaz de remeter os visitantes à natureza. A praça da Empresa Municipal do Terminal Rodoviário de Pelotas (Eterpel), entre os cruzamentos das avenidas Bento Gonçalves e presidente João Goulart e a rua Almirante Guilhobel, reúne mais de 200 animais que vivem harmoniosamente nos lagos e nas ilhotas construídos no local. São marrecos, patos, gansos, tartarugas, jundiás, traíras, uma arara e um papagaio, duas emas e uma capivara, além da variedades de pássaros que visitam o minizoológico diariamente.

A beleza e o encantamento do espaço verde atrai visitantes de diferentes bairros da cidade, principalmente crianças, que ainda aproveitam os brinquedos das duas praças para a diversão. Entre as atividades, a gurizada adora conferir o trajeto dos patos e marrecos sobre a água mansa do pequeno lago. Na imaginação fértil dos freqüentadores infantis, sempre fica a dúvida se a arara não briga com o papagaio, ou se ambas sentem frio. Se bem que com calor fora de época, as chapas de acrílicos que protegem as aves exóticas das baixas temperaturas viraram peça decorativa, ao menos até sábado.

Ilustres habitantes
Adultos e crianças têm a convicção que os habitantes do lago (onde antes era um aterro de lixo) são avestruzes. Mas basta observar mais de perto ou perguntar para algum funcionário da rodoviária que a dúvida logo é esclarecida. Trata-se de duas emas machos, que dividem a ilha com uma capivara.

O diretor-presidente da Eterpel, Agostinho Meirelles Martins Neto, conta que as espécies exóticas, como a arara, o papagaio e a capivara são oriundas do parque Dom Antônio Zattera, na época conhecido como Praça dos Macacos. As emas são fruto de uma parceria com um criador conservacionista de Capão do Leão. No início do ano, o Ibama multou a Empresa em R$ 2,5 mil, por não ter um alvará que autoriza o local a funcionar como minizoológico. A Eterpel recorreu e aguarda decisão.

Sala de espera ao ar livre
Esperar pelo o embarque em algumas das linhas intermunicipais ou interestaduais pode representar momentos de lazer e relaxamento aos passageiros. Os freqüentadores assíduos garantem que o local é próprio para a convivência em família.

Enquanto toma chimarrão, Jandira de Almeira, de 69 anos, observa o neto Nathanael de Almeida Teixeira, de oito anos. Entre as diferentes alternativas de passeios, a escolha é sempre a mesma: praça da rodoviária. “Temos casa no Laranjal, mas ele prefere vir aqui”, diz a avó. Distância nunca foi problema para o pequeno, que só não vai à praça em dia de chuva. “Até quando eu morava no Passo do Salso vinha para cá”, garante. Hoje, antes de sair de seu apartamento na Guabiroba, costuma preparar meio quilo de pipoca somente para alimentar os patos e marrecos. Outro passatempo divertido é ver os ônibus partirem do terminal. Para Nathanael, estar em contato com a natureza o faz se sentir feliz e um exímio observador. “Gostei da aparência da praça. Parece estar mais limpa e arrumada.”

Cuidados especiais
Os animais, garante o diretor-presidente, recebem diariamente ração e, através de parceria com a Ceasa (Centrais de Abastecimentos) de Pelotas, a empresa recolhe duas vezes por semana restos de hortifrutigranjeiros para complementar a alimentação. O local é freqüentemente visitado pelo secretário de Qualidade Ambiental (SQA), Leonardo Martins Cardoso, que é médico veterinário. As emas são tratadas por um especialista de Capão do Leão. Além de uma chocadeira instalada na rodoviária, a Eterpel firmou convênio com o Laboratório de Manejo e Conservação Ambiental da Universidade Católica de Pelotas (UCPel) para evitar a superpopulação de tartarugas.
(Por Cíntia Piegas, Diário Popular, 24/07/2006)
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