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2006-07-24
A única escola agroecológica de Santa Catarina ensina muito mais que simples técnicas de manejo do solo, ou formas de cultivo de diferentes culturas. Ela mostra o caminho para a construção de uma forma de vida amparada pela sustentabilidade do homem no campo, convivendo em harmonia com a natureza e retirando da terra a sua subsistência, sem degradar, exterminar ou comprometer o que o meio ambiente oferece.

Apresentada como alternativa de adequação à Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em 1997, a Escola Agroecológica 25 de Maio, situada no assentamento União da Vitória, em Fraiburgo, no Meio-oeste catarinense, iniciou suas atividades em 2004, depois de percorrer todos os trâmites necessários para o oferecimento de ensino diferenciado. Nasceu da vontade de oferecer aos filhos dos assentados a possibilidade de cursarem o ensino médio.

Geograficamente instalada numa área que abrange cinco assentamentos e atinge cerca de 150 famílias, ela não atende somente alunos da região e sim de 27 municípios catarinenses. Viabilizada por meio de convênio entre o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária(Incra), por intermédio do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária(Pronera), com a Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC), forma agroecologistas.

O curso atinge 50 jovens, que vivem nos assentamentos e acampamentos do Estado, e tem carga horária total de 1.680 horas do ensino profissionalizante, com duração de três anos. Estarão envolvidos no curso educadores da UFSC e outros vinculados à Secretaria de Educação.

A escola evidencia os esforços dos camponeses no sentido de reverter o processo de produtividade baseado na continuidade dos sistemas convencionais, aliados ao uso crescente de fertilizantes e agrotóxicos. Neste modelo, a produtividade continua estável, enquanto que a poluição no meio e a descapitalização dos agricultores estão aumentando. O curso oferece uma visão diferente, embasada no princípio da auto-sustentabilidade e preservação.

Práticas corretas de manejo substituem o uso de agroquímicos
Os alunos aprendem que o manejo correto das interações ecológicas substitui o uso de agroquímicos, caros e poluidores, que reduzem a biodiversidade e eliminam a possibilidade de ocorrência de interações ecológicas. Com a adoção das práticas agroecológicas - rotação e consorciação de culturas, adubação verde e orgânica, plantio direto, cultivo mínimo e outras - mostra-se que é possível obter alimentos orgânicos de alto valor biológico, beneficiando tanto o agricultor quanto o consumidor.

A duração do curso profissionalizante é de três anos e o estudante fica na escola em períodos alternados com o chamado tempo de comunidade. No último ano, tem a oportunidade de efetivar os ensinamentos aprendidos em sala de aula. Entre as disciplinas, estão aspectos da história da agricultura brasileira, políticas públicas e sustentabilidade, relação entre os meios urbano e rural, fundamentos de manejo e zootécnica e homeopatia, entre outros.
(A Notícia, 24/07/2006)
http://portal.an.com.br/2006/jul/24/0ger.jsp#10

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