Chicago quer proibir utilização de óleos transgênicos
2006-07-24
O Conselho Municipal de Chicago, que nos últimos meses aprovou leis que proíbem desde o fumo em locais públicos à venda de patê de ganso, agora quer regular o tipo de óleo utilizado pelos restaurantes. "Agora vamos opinar sobre o menu dos restaurantes!", disse em tom irônico o prefeito da cidade, Richard M. Daley, para quem uma cidade como Chicago, conhecida no mundo por sua variedade de comidas étnicas, corre o risco de ficar reduzida a "uma dieta de cenouras".
"Não acho que o Governo tenha que interferir, mas deixar que o consumidor educado julgue e que os restaurantes respondam", opinou. No entanto, em maio passado o Conselho Municipal proibiu a venda de patê de ganso, por considerar que tem efeitos nocivos para a saúde. O vereador Edward M. Burke, com 37 anos no cargo, leva muito a sério a iniciativa de transformar Chicago na primeira grande cidade dos Estados Unidos que proíbe o uso de óleo transgênico ou hidrogenado em restaurantes.
"Temos a oportunidade de dar um passo corajoso para proteger a saúde dos cidadãos", disse o vereador, que propôs convocar os executivos das grandes cadeias de fast-food, como Mcdonalds, para que expliquem sua insistência em utilizar óleos que produzem obesidade, colesterol e doenças cardíacas. "Por que, apesar de todas as evidências científicas, há empresas que continuam preparando os alimentos que vendem de uma forma claramente prejudicial para a saúde?", afirmou Burke em uma audiência pública sobre o assunto.
Segundo informação da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard, divulgada na audiência, cerca de 50 mil pessoas morrem prematuramente a cada ano devido ao consumo de óleos transgênicos usados por restaurantes para cozinhar ou conservar alimentos enlatados. Outro vereador de Chicago, Eugene Schulter, anunciou que a convocação dos executivos das cadeias será imediata.
"Se não fizermos algo, isto pode se transformar em uma pandemia", disse Schulter, ao referir-se ao problema da obesidade, que afeta adultos e crianças. "Não há dúvidas de que as cadeias de fast-food estão provocando um grande problema de saúde pública", assegurou.
Enquanto um porta-voz do Mcdonalds disse que a empresa, que tem sua sede central no subúrbio de Oak Brook, estava "à espera do convite", na rede de cafeterias Starbucks, que também foi mencionada na audiência, um representante antecipou que "por enquanto não está prevista a presença do diretor-executivo".
A primeira minuta da lei propunha que a proibição fosse aplicada a todos os restaurantes da cidade, mas, após as primeiras reações adversas, como a da Associação de Restaurantes de Illinois, estado cuja maior cidade é Chicago, foi emendada para excluir os estabelecimentos pequenos. Caso seja aprovada, a ordenança seria aplicável somente para aqueles estabelecimentos com receitas superiores a US$ 20 milhões anuais, deixando de lado as lanchonetes, restaurantes familiares e pequenos pontos de venda de comida.
Em declaração pública, divulgada hoje pelo "Chicago Sun Times", o Mcdonalds disse estar "comprometido com a redução, e no possível eliminação, dos óleos artificiais do menu. "O processo tomou mais tempo do que o previsto, mas estamos avançando", disse a nota. A Carolina do Norte é o único estado do país que aprovou uma lei sobre os óleos transgênicos, que exige que nas escolas públicas não se ofereçam alimentos com esses ingredientes.
Na cidade de Nova York o diretor de Saúde sugeriu um programa voluntário onde se pede aos restaurantes que reduzam o uso de tais óleos, enquanto uma pequena localidade da Califórnia, chamada Tiburón, se declarou a primeira dos EUA a proibir a utilização de transgênicos em seus 18 restaurantes.
(EFE, 21/07/2006)
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