Livro verde lançado pela Política Marítima Européia gera polêmica
2006-07-24
A Europa lançou a discussão pública sobre a Política Marítima Européia através da publicação de um livro verde. Já há dias comentei o absurdo da Introdução desse livro verde que pretende que devem ser os europeus que vivem 5% do mar a gerir o mar que até ao momento tem sido gerido pela população que depende em 40% do mar.
Mas houve novos desenvolvimentos. O PSD diz que não há ainda tempo para que a Região faça um parecer para Bruxelas sobre o dito livro verde até à próxima segunda-feira. Pelo contrário o Governo do PS apressa-se a elaborar e enviar o parecer que, de acordo com a interpretação da Lusa se limita a reivindicar a reposição das 200 milhas para a Zona Económica Exclusiva (ZEE) dos Açores e, obviamente, a pedir mais dinheiro para investigadores e pescadores.
Vale a pena recolher algumas das muitas perguntas levantadas pelo Livro Verde e apor-lhe a resposta simples e grossa do Governo Regional, pelo menos de acordo com a interpretação da Lusa. As perguntas são, civilizadamente, em inglês. As respostas simples e grossas são em português vernáculo.
UE: Should the EU have an integrated maritime policy? (A Europa deve ter uma política marítima integrada?). GR: Qual quê? Queremos é as 200 milhas que nos roubaste e mais uns dinheiros para os nossos pobres pescadores e investigadores!
UE: How can European maritime sectors remain competitive, including taking into account specific needs of SMEs? (Como podem os sectores ligados ao mar permanecer competitivos, nomeadamente as necessidades específicas das pequenas e médias empresas?) GR: O cuê? Dá para cá o que é nosso que nós, como sempre, saberemos como sobreviver com mar que é nosso!
UE: How can maritime policy contribute to maintaining our ocean resources and environment? (Como pode a política marítima contribuir para manter os nossos recursos e ambiente do mar?) GR: Estás a brincar? Não é a Europa do Green Peace que elogia a gestão dos recursos marinhos feita nos Açores?
UE: How can a European Marine Related Research Strategy be developed to further deepen our knowledge and promote new technologies? (Como é possível aprofundar o conhecimento e as novas tecnologias através de uma Estratégia de Investigação Europeia sobre o mar?) GR: Naturalmente transferindo para os investigadores periféricos e pescadores pobres dos Açores mais fundos.
UE: What further steps should the EU take to mitigate and adapt to climate change in the marine environment? (Que mais deve fazer a União Europeia para mitigar e reagir aos efeitos do aquecimento global no ambiente marinho?). GR: Naturalmente que isso só é alcançável quando se devolver aos Açores as 200 milhas e se transferirem os fundos necessários para pescadores e investigadores.
UE: How can innovative offshore renewable energy technologies be promoted and implemented? (Como é que podem ser promovidas e implementadas tecnologias de produção de energia renovável no mar?) GR: Obviamente que isso só é alcançável quando se devolver aos Açores as 200 milhas e se transferirem os fundos necessários para pescadores, investigadores e também para projectos de energia renovável.
E as perguntas da União Europeia publicadas no Livro Verde continuavam a ponto de encher duas páginas deste jornal. Segundo a Lusa, a todas elas o Governo Regional responde que quer as 200 milhas e dinheiro para pescadores e investigadores. Creio que o assunto é demasiadamente sério para que seja essa a resposta dada aos açorianos através da comunicação social oficial. O que se deveria fazer é demonstrar que os Açores têm uma Política Marítima para o mar que querem gerir que responda ás muitas questões pertinentes levantadas no Livro Verde. Só gerindo melhor que os outros é que podemos dizer que o mar é nosso.
(Por Tomás Dentinho, A União, 22/07/2006)
http://www.auniao.com/ler.php?id=1365&col=yes