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2006-07-21
Ela pesquisa a região amazônica há mais de 30 anos e é considerada uma das maiores especialistas quando o assunto é a maior floresta tropical do mundo. Bertha Becker, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), atraiu um auditório lotado para uma conferência na 58ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na quinta-feira (20/7).

O assunto foi como a logística pode ser utilizada para entender a dinâmica do mundo contemporâneo, em especial o território brasileiro. “A Amazônia nunca mais será a mesma após o que costumo chamar de mercado da natureza. O ar, a biodiversidade e a água foram transformados em mercadorias fictícias pois não foram produzidos para serem vendidos. E, por meio dessa ficção, estão sendo criados mercados reais”, disse. O Protocolo de Kyoto, segundo ela, é a maior expressão desse mercado.

Bertha lamentou a omissão do Estado na Amazônia. Para ela, isso faz com que as regras do jogo sejam criadas por instituições sociais e pelas grandes corporações que dominam a região. “É aquele velho ditado: as leis brasileiras foram feitas para inglês ver”, lamentou.

“O Estado brasileiro sofreu uma forte ruptura de poder sobre seu território. Não há mais o controle direto sobre a totalidade, pois foram criadas várias territorialidades dentro do território nacional. O poder público perde domínio no setor jurídico, enquanto as grandes corporações manipulam todo o processo e ganham cada vez mais espaço”, disse.

A geógrafa apontou que os processos de industrialização na Amazônia, impulsionados pelo fato de que 70% da população da região vive em núcleos urbanos, foram responsáveis por profundas mudanças estruturais, principalmente no que diz respeito à conectividade das linhas de telecomunicações, à expansão das redes de energia e ao aumento de rodovias, ferrovias e rotas aéreas.

“Apesar de a maior parte do sistema logístico no território nacional ainda estar concentrada na região Centro-Sul do país, isso é extremamente importante sob o ponto de vista da conservação ambiental”, destacou.
(Por Thiago Romero, Boletim da Agência Fapesp, 21/07/2006)

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