O diretor da Associação Brasileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), César Barros, confirmou ontem (20/7) à Agência Brasil que a estiagem que atinge a região Sul é a pior dos últimos 70 anos.

Segundo Barros, embora a situação seja grave, o sistema energético da região ainda está operando em normalidade. “Está mais carregado, mas foi dimensionado para isso. O consumo atual de energia da região é de 12 mil megawatts. A capacidade de interligação de energia com a região Sudeste é da ordem de 6 mil megawatts, que corresponde a 50% da carga”.

De acordo com o diretor, o nível de integração entre as duas regiões está adequado. “Não há porque se alarmar por enquanto, até porque, o sistema ainda pode ser ampliado em 1 mil megawatt, chegando, se for realmente necessário ou se a estiagem se prolongar muito, aos sete mil megawatts”.

Em entrevista hoje à Rádio Nacional, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética do Ministério de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim, afirmou que, mesmo com a pior seca dos últimos 70 anos, a região Sul não vai ficar sem energia

“Posso garantir isso porque, ao contrário do que aconteceu no racionamento de 2001, quando existia energia disponível nos reservatórios do Sul, mas não havia linhas de transmissão capazes de transmitir a energia de uma região para outra, houve investimentos e se duplicou a capacidade para trazer energia do Sudeste para o Sul. Hoje se traz do Sudeste para o Sul mais cinco mil megawatts médios, o que é o recorde dos recordes”.

O sistema energético da região também está usando a energia gerada pelas termoelétricas (usinas de carvão), normalmente acionadas quando falta água. A usina Presidente Médici, de Bagé (RS), está fornecendo 600 megawatts, enquanto o Complexo Jorge Lacerda (SC) opera com 700 megawatts. Os sistema conta, ainda, com a contribuição de outras unidades menores. Barros afirmou que, apesar de baixo, o nível dos reservatórios está estável.

Embora os responsáveis pela operação do sistema elétrico brasileiro tenham solicitado à Companhia Paranaense de Energia (Copel) que agilize as correções necessárias ao funcionamento contínuo e seguro da Usina Termelétrica de Araucária, na região metropolitana de Curitiba, na opinião do diretor da Abrate, não existem condições técnicas para que esta unidade entre logo em funcionamento.
(Por Lúcia Nórcio, Agência Brasil, 20/07/2006)
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2006/07/20/materia.2006-07-20.6557942112