Biocombustíveis vão elevar preço de trigo e milho
2006-07-21
O ascendente mercado de biocombustíveis deve aumentar de forma
expressiva os preços de commodities como milho e trigo na Chicago
Board Of Trade (CBOT), segundo Dan Basse, presidente da AGResource Co.
Palestrando em um evento sobre grãos em Chicago, o executivo afirmou
que os preços desses produtos será baseado no tamanho da oferta e no
volume de biocombustíveis produzidos nos próximos 12 a 14 meses.
Ele prevê que a cotação do milho ficará acima dos US$ 4 por bushel nos
próximos 12 a 16 meses na CBOT, enquanto a soja deverá ficar entre US$
5,50 e US$ 6 no mesmo período. As cotações do óleo de soja deverão
subir para entre 35 e 45 cents por libra-peso entre 12 e 14 meses. No
caso do trigo, as cotações devem subir para perto de US$ 6 por bushel.
Atualmente, o contrato de milho para dezembro está cotado em US$ 2,60.
O contrato novembro da soja está em US$ 6,07 e o do trigo em US$ 4,13.
O contrato dezembro do óleo vale hoje 26,95 centavos de dólar por
libra-peso.
Produtos como milho e trigo podem ser usados para fabricar álcool,
enquanto soja e óleo de soja são processados em biodiesel. ""Temo que
acabaremos dentro de uma luta entre a indústria de combustíveis e a
indústria alimentícia"", afirma Basse.
Ele observou que de duas a três usinas de álcool entram em operação
nos Estados Unidos a cada mês. Tal número vai aumentar em breve para
nove por dia entre o último trimestre do ano e 2007. Os investimentos
tornaram-se viáveis com a alta do preço do petróleo acima de US$ 60
por barril. ""Essa revolução agrícola não acontece apenas nos Estados
Unidos"", afirma Basse. ""A demanda por biodiesel na Europa não é menos
que astronômica"".
Outros exemplos citados pelo executivo são a China, que anunciou na
semana passada um aporte de US$ 200 bilhões para desenvolver
infra-estrutura para a produção de biodiesel nos próximos 20 anos. O
país calcula que 5% do combustível usado no país será derivado de
produtos agrícolas. O Canadá também anunciou um programa para adição
5% de biodiesel. Malásia e Indonésia estão usando 20% da sua produção
de óleo de palma em biodiesel. União Européia e Brasil, por sua vez,
são grandes produtores de biodiesel e álcool, respectivamente.
""Daqui para frente teremos que produzir safras recorde de milho em
todo o mundo se quisermos atender a demanda"", afirma Dan Basse. Não é
o que tem acontecido. O Departamento de Agricultura dos Estados
Unidos (USDA) estima que os estoques mundiais este ano estão em 91
milhões de toneladas, o menor volume desde 1984.
""O mundo precisa produzir entre 1,4 bilhão e 1,6 bilhão de bushels
(cerca de 35,5 a 40,6 milhões de toneladas) de milho a mais por ano
para atender a demanda esperada"". Nos Estados Unidos, os 4,5 bilhões
de galões de álcool (17 bilhões de litros) que serão produzidos este
ano vão aumentar para 6,2 bilhões (23,5 bilhões de litros) em 2007.
(AE/Folha de Londrina, 20/07/2006)
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http://www.bonde.com.br/folha/folhad.php?id=17770LINKCHMdt=20060720