Depois de meses de polêmica, o Serviço Autônomo de Sanea-mento de Pelotas (Sanep) ligou no início da tarde de ontem (19/07) as bombas que deram início à transposição das águas do arroio Pelotas à barragem Santa Bárbara. A medida começou apenas algumas horas depois de oficialmente autorizada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), através de publicação na página do órgão na Internet. A partir de hoje a barragem começa a ganhar um centímetro diário em seu nível - ontem 2,92 metros abaixo do normal. “Agora garantimos que teremos água para abastecer a população”, tranqüiliza o diretor-presidente do Sanep, Hélio Silva.

A precipitação do último final de semana é a responsável pelos efeitos no reservatório serem quase simultâneos ao início da captação. Silva explica que a chuva encharcou os canais e assim pouco líquido será absorvido pelo solo. Mesmo assim, menos de 400 dos 900 litros por segundo bombeados chegarão à Santa Bárbara - o restante vai diretamente para o consumo da população.

Com isso a torcida pela chuva continua. “Subindo um centímetro por dia ainda vai demorar para a barragem atingir seu nível normal. O ideal é que chova”, ressalta o diretor-presidente do Sanep. A transposição será mantida até o reservatório alcançar dois metros abaixo do nível - se esta marca fosse excedida e chuvas fortes caíssem sobre o município, Pelotas correria o risco de enchentes.

Exigências

A Fepam divulgou com a autorização oficial uma lista de 21 exigências à transposição. Entre estas o Sanep deve remover as plantas flutuantes nas águas do Pelotas, monitorar a presença de moluscos exóticos e não machucar a vegetação natural da região. Constavam ainda exigências como o isolamento pela autarquia da área da captação e o controle do acesso ao local, antes do início do processo.

Fetter Júnior avalia a medida

O prefeito Fetter Júnior (PP) comentou ontem a polêmica que envolveu a transposição de água do arroio Pelotas nos últimos dias. Fetter lembrou que a água já é retirada do arroio para abastecimento da Estação de Tratamento Sinotti há mais de 50 anos, quando foi instalada a primeira adutora. O segundo equipamento foi instalado na década de 70 e agora, com recursos de R$ 1,25 milhão, a prefeitura deverá estruturar uma terceira adutora no local, o que vai proporcionar aumento da água no reservatório e de 10% da água tratada.

“Já se consome água do Pelotas há mais de meio século”, reafirmou Fetter, explicando que se a opção fosse a transposição do canal São Gonçalo a obra custaria em torno de R$ 2,5 milhões e a inda precisaria de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (Rima), o que levaria pelo menos dois anos para se obter este licenciamento.

Às obras de instalação de nova adutora no Sinotti - definitiva - a autarquia já possui a licença prévia da Fepam. O Sanep encomendou estudo de estabilidade do maciço de terra da barragem do Santa Bárbara, o que poderá proporcionar acréscimo de 20% na reserva de água, bem como dar consistência ao reservatório em época de enchentes.
(Por Patrícia Strelow, Diário Popular, 20/07/2006)
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