Parque Nacional da Serra da Capivara pode fechar em agosto
2006-07-20
Em coletiva nesta quarta durante a SBPC, Niède Guidon, administradora do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, disse que o parque poderá fechar no próximo mês por falta de verba. Segundo a arqueóloga, que também preside a Fundação do Museu do Homem Americano, não há recursos para manter a infra-estrutura funcionando.
Desde 2005, o Ibama, responsável pela manutenção dos parques nacionais, não repassa verba. Neste ano, a parceria com o órgão nem se quer foi renovada. Os salários dos cerca de 120 funcionários do Parque Nacional estão sendo pagos com doações de empresas, como a Petrobrás, Caixa Econômica e a Companhia Vale do Rio Doce, através da Lei Rouanet. “Estes últimos anos nós temos vivido de doações. Mas o problema é que a doação não é sempre que chega”, diz Niède.
Segundo a coordenadora, para manter funcionando o parque, é necessário, no mínimo, dobrar o seu quadro de funcionários e de um orçamento fixo mensal de R$ 400 mil. Esse foi o pedido feito à Casa Civil da Presidência da República no ano passado e que foi negado. “A própria Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse para mim que não existia a possibilidade disso acontecer porque nenhum outro parque nacional tem um orçamento fixo”, lamenta Niède.
Sem recursos, a infra-estrutura do parque, que é uma das melhores da América, está comprometida. “Eu vou ficar até o fim do ano. Só ficaria mais se houvesse um orçamento fixo. Eu não agüento mais essa tensão”, desabafa.
Segundo a pesquisadora, existe uma pressão muito forte para que ela saia do comando do Parque. “O nosso parque é o único em que político não entra e é o único no qual a verba chega e é aplicada lá dentro porque eu estou ali, vigiando”, diz Niède.
O Parque Nacional da Serra da Capivara foi criado em 1979 e localiza-se no município de São Raimundo (PI). Nele podem ser encontrados mais de 700 sítios arqueológicos de pinturas rupestres, considerados Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
Desde 1991, o governo federal estabeleceu um acordo com a França, a fim de proteger a área e executar um projeto de desenvolvimento sustentável para a região.
“Nesse ano, eu deixei Paris a convite do governo brasileiro e comecei a trabalhar no parque, paga pelo governo francês, porque sou uma funcionária francesa aposentada”, diz Niède Guidon, presidente da Fundação Museu do Homem Americano (FMHH), entidade que ajuda a administrar o local.
(Por Isadora Peron, Universidade Aberta-UFSC, 19/07/2006)
http://www.unaberta.ufsc.br/noticias/21317