Pesquisador do IPT transforma energia em carvão mineral
2006-07-20
Há dez anos um antigo pesquisador do IPT, Sílvio Alvarinho, descobriu
uma maneira de transformar capim elefante em carvão mineral sem que
ele perdesse parte de sua energia no processo de secagem. Através do
processo de carvojeamento a úmido, utilizando temperaturas baixas
(220ºC), altas pressões (60 atm) e um tempo bastante curto (minutos
apenas) o capim perderia sua umidade sem deixar escapar os gases
energéticos, que normalmente são perdidos no processo.
Com os gases retidos, o poder calorífico do carvão vegetal daí obtido
seria maior e os gases também não poluiriam a atmosfera. Porém, as
altas pressões exigiam um equipamento muito pesado e mão de obra
especializada, o que fez com que esta tecnologia não chegasse à
produção contínua.
Nos dias atuais, contudo, não se desistiu do capim elefante já que ele
tem muitas variedades (cerca de 200) adaptadas a quase todos os cantos
do Brasil, e seu crescimento favorecido pela insolação, precipitação e
clima favoráveis. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária), parceira do IPT nesta pesquisa, já estuda a secagem do
capim no próprio campo, tendo que descobrir maneiras de evitar que ele
apodreça no processo, ou prejudique a rebrota. O IPT entrará no estudo
para secagem de capim a partir de extração mecânica do caldo.
"Acredito que esta seja a melhor alternativa pois, além de facilitar o
processo de secagem, possibilita o uso do caldo, rico em nutrientes,
como adubo", declara Vicente Mazzarella, pesquisador do IPT envolvido
no projeto. O Novo método traz vantagens com relação a tecnologia
anteriormente estudada pelo IPT. Mazzarella explica que as máquinas
poderiam ser bem menores e, não tendo o risco de explosão como o
maquinário anterior que funcionava a altas pressões, não exige mão de
obra tão especializa, o que barateia seu custo.
Atualmente no Brasil, para produção de carvão vegetal é utilizado o
eucalipto. Passar a dominar a técnica para produção a partir do capim
traz uma série de vantagens, começando pelo tempo de colheita:
enquanto o eucalipto leva em média sete anos para crescer e gerar o
benefício, o capim elefante leva um ano. Com a produtividade, outra
vantagem: o capim pode gerar 40 toneladas de massa seca por hectare
anuais, enquanto o eucalipto fica com, no máximo, 15 toneladas/ha/ano.
Outro problema que o IPT pretenderá resolver com o trabalho será a
compactação já que, por causa da baixa densidade do material, o custo
de transporte seria muito elevado sem estar devidamente compactado.
O mercado é promissor: só na União Européia (UE) existe um consumo de
10 milhões de toneladas de biomassa seca (carvão mineral) por ano.
Mazzarella afirma que o mercado está em crescimento rápido, já que o
preço é vantajoso com relação a outras fontes de energia como carvão
mineral, petróleo, gás e eletricidade. A biomassa é utilizada em
aquecimento domiciliar e institucional, na indústria e nas
termoelétricas.
"O Brasil pode ambicionar oferecer toda a quota de carvão vegetal
exigida pela União Européia, tem condições para isso. A atividade pode
gerar, no atual mercado, uma renda de 110 milhões de dólares e
empregos. E o revendedor europeu pode comprar a biomassa seca por 100
dólares e revendê-la a 230 euros, ainda a um preço altamente
competitivo. Existe espaço para todos ganharem", diz Mazzarella.
O projeto, que tem alto interesse da Secretaria do Meio Ambiente e
Recursos Hídricos do governo da Bahia, está em vias de aprovação.
(Informações do Governo de SP, 19/07/2006)
http://www.saopaulo.sp.gov.br/sis/lenoticia.php?id=75754