Na tarde do dia 18, especialistas em algodão, cana-de-açúcar e
florestas cultivadas fizeram uma avaliação evolutiva do cenário das
cadeias produtivas e revelaram perspectivas futuras na área. Essa foi
a temática do painel “Impulsionando a produtividade e a produção
agrícola: fibras e energia”, do Workshop Internacional sobre
Desenvolvimento da Agricultura Tropical (IWTAD), que ocorre em
Brasília/DF nesta semana.
O presidente da sessão foi Lineu Carlos da Costa Lima, secretário de
Produção e Energia, do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa).
O superintendente da Sociedade Brasileira de Silvicultura, Rubens
Garlipp, teve como abordagem o desenvolvimento das florestas
cultivadas no Brasil. De acordo com ele, até 1965 o país não tinha uma
política florestal e seguia o código florestal publicado em 1934.
Neste período, a área plantada era de 500 mil hectares. De 1965 a 1987
o período foi marcado pela criação da Política para Reflorestamento,
que possibilitou a criação do novo Código Florestal, incentivos
fiscais, criação do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal
(IBDF) no Ministério da Agricultura, programas estratégicos e a
Política Nacional de Meio Ambiente.
O período de 1987 a 1990 foi marcado pela Política Conservacionista e
a revisão do Código Florestal. Já, nos anos seguintes, até 1999, o
destaque foi a desconexão política ambiental e de reflorestamento.
Depois, até 2005, veio o Programa Nacional de Florestas (PNF), uma
meta de produção de 500 mil ha/ano e novas linhas de financiamento
para pequenos e médios produtores. Em 2005, a área plantada era de 5,5
milhões de hectares.
Segundo Rubens, o cultivo de florestas exige uma visão de longo prazo,
uma vez o tempo para amadurecimento de algumas espécies, como o
eucalipto, é de seis a sete anos. “A atividade de reflorestamento é um
mecanismo de inclusão social”, afirmou ele, complementando o que
considera importante observar neste cenário.
Os programas de investigação científica estabeleceram toda a base de
florestas plantadas no Brasil. Outros aspectos que contribuíram com o
desenvolvimento deste setor foram os cursos de engenharia florestal, a
formação de expertises, a integração floresta e indústria, projetos
industriais considerados de classe mundial, os fóruns de debates e o
fomento florestal.
A participação do setor de silvicultura no PIB é de 2,9%, a geração de
empregos diretos é de 2,3 milhões e as exportações geram US$ 4,7
bilhões. “São dados importantes e que mostram como o setor está
empenhado", disse.
As vantagens competitivas do Brasil na silvicultura estão relacionadas
especialmente ao solo e ao clima favoráveis para o cultivo de
florestas, a disponibilidade de terra e a organização da iniciativa
privada. O conhecimento científico e tecnológico, bem como a
produtividade, também são considerados pontos fortes do país.
Em relação às demandas, Rubens apresentou a divisão por décadas,
comentando que no início havia demandas e incentivos, porém o
conhecimento não estava acertado. Hoje, o cenário é outro e o
conhecimento tornou-se a base. As demandas atuais exigem uma
mecanização da colheita, o uso múltiplo da madeira, um manejo
sustentável, a geotecnologia, o monitoramento de micro-bacias e muito
mais.
Os avanços obtidos são inúmeros, como o banco de germoplasma de
Eucaliptus e Pinus e a redução de custos de produção. Também figuram a
produtividade industrial, a conservação da biodiversidade, a
diversificação de produtos, a silvicultura de precisão e a eficiência
competitiva e sustentabilidade.
(Por Monalisa Leal Pereira,
Embrapa , 19/07/2006)