Entidades debatem organização do Ano Internacional do Planeta Terra no Brasil
2006-07-19
Entidades científicas debateram ontem (18/07), no 58º encontro anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Florianópolis, a criação de uma comissão nacional que ficará incumbida de organizar atividades para o Ano Internacional do Planeta Terra no Brasil.
O Ano Internacional é um projeto anunciado pelas Nações Unidas em dezembro de 2005, que tem como objetivo demonstrar a importância das Ciências da Terra na construção de uma sociedade mais segura, sadia e sustentada.
O programa da ONU, liderado pela Divisão de Ciências da Terra da Unesco, juntamente com a União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS), tem duas linhas de atividade: um programa científico e outro de divulgação. O intuito do programa científico é analisar e financiar novos projetos e projetos em execução que tenham caráter global.
Para isso, a Unesco e IUGS contam com 141 nações para realização do Ano Internacional, e um orçamento de US$ 20 milhões para financiar os projetos. Segundo Carlos Oiti Berbert, os projetos financiados serão aqueles universais. "Projetos que se apliquem tanto ao Brasil quanto a algum país africano, por exemplo, pois a idéia é que haja troca de conhecimento científico na comunidade internacional".
Berbert é coordenador-geral das unidades de pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia e conselheiro sênior da Comissão Internacional do Ano da Terra. Ele é o encarregado de formar a comissão brasileira para o Ano Internacional.
"Formaremos uma Comissão Nacional administrativa e subcomissões temáticas mais técnicas, com dez temas científicos pré-selecionados pela Unesco", afirma Berbet. Os temas são: água subterrânea; desastres naturais; terra e saúde; clima; recursos (naturais e energia); megacidades; da crosta ao núcleo da Terra; oceanos; solos; e terra e vida.
Além da linha científica, o Ano da Terra terá uma linha de divulgação, que objetiva estimular a atenção para as contribuições das geociências nos sistemas educacionais nacionais, além de mostrar para a sociedade a importância das geociências para preservação do meio ambiente e da vida humana.
"O Brasil carece de espaço para divulgação científica. Precisamos ocupar os espaços abertos para aumentar a interação entre os órgãos de pesquisa científica, as entidades do governo e a população", falou Peter Mann de Toledo, da SBPC.
Para a divulgação do Ano Internacional no Brasil, serão elaborados roteiros geológicos para os pontos turísticos, exposições e museus, palestras e minicursos em escolas públicas e particulares, entre outras medidas.
A representante da Sociedade Brasileira de Geociências (SBGeo) e professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Nely Palermo, diz que o mais importante é informar as pessoas utilizando uma linguagem acessível. "O objetivo do Ano Internacional é o mesmo da SBGeo, de divulgar a importância da Geociência."
O geógrafo e professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Luiz Fernando Scheibe, disse que para entender a idéia de sustentabilidade, devemos compreender a relação homem-espaço e as ações humanas praticadas nesse espaço. "Em Florianópolis, por exemplo, 10% da população vivem em áreas de ribanceira e baixada, com risco de deslizamentos e inundações. Isso não está certo. A pessoa precisa conhecer o espaço que habita para, além de não agredir o meio ambiente, ter uma vida segura."
O Ano Internacional do Planeta Terra é 2008. As atividades começam em janeiro de 2007 e vão até dezembro de 2009. No momento, a maioria dos países que integra o AIPT está formando suas comissões nacionais, como é o caso no Brasil.
(Por Heitor Cardoso, especial para o Ambiente Já, 19/07/2006)