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2006-07-19
Daqui para a frente, ou o vírus da gripe aviária (H5N1) estabiliza-se e perde agressividade, ou causa uma pandemia que pode matar 150 milhões de pessoas no mundo. O diagnóstico é do virologista Edison Luiz Durigon, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Segundo ele, os dados alarmantes não são fruto de sensacionalismo da mídia, mas um fato científico.

“O vírus já está em fase de mutação, o que pode acontecer em um ano”, disse Durigon durante a Conferência sobre Gripe Aviária apresentada ontem (18/07) na 58ª Reunião da SBPC, em Florianópolis. O vírus H5N1 é natural das aves, para ser transmissível entre seres humanos, precisaria sofrer mutação em três aminoácidos. Já sofreu em um, quando infectou gatos - a primeira incidência em mamíferos.

Apesar do pequeno número de casos registrados até agora em humanos (229 contaminações e 130 mortes desde 1997) a preocupação com o H5N1 é que cada novo caso registrado pode trazer o vírus mais forte e desencadear a pandemia (surto de proporções globais). A reprodução do H5N1 é extremamente rápida, leva apenas 24 horas para contaminar todas as células de um frango. “Cada vírus que se multiplica em frangos, patos, gatos ou homens pode gerar a mutação”, diz o pesquisador.

Se o vírus sofrer mutação capaz de ser transmitida pelo ar entre seres humanos, Durigon estima que a doença se espalhe pelo mundo em quatro dias, devido ao grande fluxo de trânsito internacional. Os sintomas levam dois dias para aparecer, e a doença pode levar à morte em uma semana. “O mundo não está preparado, não temos nem onde enterrar 150 milhões de pessoas de uma vez só”, alerta o pesquisador. O H5N1 não causa apenas pneumonia, como os outros vírus da gripe, mas infecção sistêmica, falência múltipla de órgãos e hemorragia.

A hipótese de que o vírus se estabilize e retroceda é reflexo de um comportamento incomum do próprio H5N1. Em 2002, uma mutação fez com que o vírus começasse a matar seu próprio hospedeiro natural, o pato. “É um comportamento antinatural e suicida do vírus, por isso ele pode interromper sua trajetória letal”, diz Durigon. Os resultados são incertos. Segundo o pesquisador, tudo é possível nessa etapa de evolução. “A natureza segue seu curso e nós continuamos como meros observadores”, diz.

Possibilidade de chegar ao Brasil

Até agora os pesquisadores não identificaram casos de contaminação por H5N1 no Brasil, mas se a pandemia chegar ao país, pode causar cerca de 10 milhões de mortes. “O Brasil não tem estrutura de monitoramento e não temos hospitais para cuidar disso. O maior hospital de infectologia no Brasil, que está em São Paulo, tem 20 leitos”, diz o pesquisador.

Segundo Durigon, os cientistas só vão saber se o H5N1 existe no Brasil quando houver a primeira morte. “Nos Estados Unidos, se morre uma ave na estrada, ela vai direto para um centro de zoonoses, para autópsia. Aqui, se você encontrar uma ave morta não sabe nem para onde levar”, compara. Além disso, segundo o cientista, o padrão de criação de aves de quintal no Brasil é muito parecido com o de Laos, na Ásia, onde foram registrados casos de gripe aviária em humanos.

O Ministério da Saúde está tomando providências para lidar com uma possível pandemia. Foram instaladas 14 unidades sentinelas que auxiliarão no alerta caso haja diagnóstico de gripe aviária na população brasileira. Além disso, existem 66 pontos de detecção espalhados por 20 Estados e no Distrito Federal. O programa de monitoramento de aves migratórias desenvolvido pela equipe de Durigon em parceria com o ministério também trabalha para diagnosticar possíveis casos da doença em aves silvestres. A maior probabilidade de ocorrerem casos no Brasil é se o H5N1 aparecer no Canadá, pois as aves migratórias do norte entram em contato com as do sul na América Central.

Os impactos econômicos podem atingir até centros com sistemas rígidos de controle de qualidade, como a indústria avícola de Santa Catarina. “A indústria de aves de Santa Catarina é uma das melhores do mundo em controle epidemiológico e de qualidade, o risco de surgir H5N1 lá é zero. Mas nos marrecos dos arrozais o risco é grande, e isso basta para que seja interrompido o comércio no estado inteiro”, alerta o pesquisador.

Tratamento
O medicamento mais potente para combater o H5N1 é o tamiflu, que impede que o vírus penetre na célula, mas o tratamento tem fragilidades. Para fazer efeito, o tamiflu precisa ser ministrado nas primeiras 24 horas da contaminação, e cerca de 10% a 30% dos vírus são resistentes ao remédio. “Todos os que morreram de gripe aviária foram tratados em UTI com tamiflu. O vírus não matou por falta de antibiótico, mas porque era muito agressivo”, explica Durigon.

A vacina é a única arma definitiva contra o H5N1, mas demora cerca de um ano para ser produzida, desde a identificação do vírus até sua distribuição. E, segundo o pesquisador, os laboratórios têm capacidade de produzir vacina para apenas 30% da população mundial.

Já estão sendo estudadas vacinas para combater o H5N1 em humanos há um ano, mas elas só terão eficácia se o vírus sofrer mutações nos próprios genes. Se ocorrer uma mutação fruto da combinação de dois vírus diferentes, o trabalho voltará à estaca zero. É o que acontece quando uma pessoa está infectada com o H5N1 e outra variação de gripe, como o H3N2, por exemplo. “A chance de dois vírus infectarem a mesma célula é imensa”, diz o pesquisador.

A Organização Mundial da Saúde e os Estados Unidos têm planos de monitoramento na China, Vietnã, Laos e Camboja – onde foram registrados casos de gripe aviária em humanos. Se surgir algum indivíduo infectado, as áreas serão isoladas e postas em quarentena, usando grandes quantidades de tamiflu. O objetivo é isolar o vírus por tempo suficiente para produzir a vacina. “O perigo de aplicar tamiflu em pessoas não infectadas é que pode causar resistência”, adverte Durigon. Estudos também mostram que existem pessoas geneticamente mais fortes que resistem naturalmente ao vírus.

Segundo o professor, se houver uma pandemia de gripe aviária, a melhor atitude a tomar é ficar em casa e esperar o surto passar, evitando aglomerações e lavando as mãos várias vezes ao dia.

Para mais informações, acesse o site do Ministério da Saúde.
(Por Francis França, 19/07/2006)

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