Rede Interparlamentar Mundial para os Biocombustíveis é lançada por Thame
2006-07-19
A Rede Interparlamentar Mundial para os Biocombustíveis foi lançada ontem (18/07), durante o Simtec (Simpósio Internacional e Mostra de Tecnologia da Agroindústria Sucroalcooleira). O anúncio foi feito pelo deputado federal Antonio Carlos de Mendes Thame (PSDB), que preside a rede. Para a ocasião, um dos principais especialistas norte-americanos em etanol, Jefferey Knight, proferiu palestra após a exposição do tucano. O objetivo da rede é de reduzir a poluição nos diferentes níveis em todo o mundo.
A intenção é de estimular os legisladores de cada país a direcionar o uso e a produção de biocombustíveis. “Durante todos esses anos, nós já tivemos encontros nos EUA, Canadá, Suécia, México para promover os combustíveis renováveis. Agora, a frente parlamentar brasileira criou uma rede, via internet, que vai se transformar num fórum internacional”, explica Thame. A expectativa, destaca o deputado, é de num futuro próximo, cada parlamento do mundo tenha um representante na rede. O primeiro fórum, segundo o político, ainda não tem data marcada. “Mas, possivelmente, deve ocorrer em março de 2007, no Brasil. Já o segundo evento vai ser decidido por aqueles que estiverem presentes”, relata.
Conforme o tucano, numa primeira divulgação, diversos parlamentos, como dos EUA, Finlândia e Suécia, já pediram informações. “A rede pretende não ficar restrita aos parlamentares, mas ter a adesão de técnicos, estudiosos e de pessoas que queiram participar. Todos terão acesso às informações através de um site, uma vez que os dados serão públicos. Nesse site, estarão disponíveis os endereços eletrônicos dos participantes, para troca de opiniões. O site deve entrar no ar no dia 3 de agosto”, informa Thame.
Nesse sentido, de agregar atores, a presença do americano Knight é relevante porque o especialista assessorou a Coalizão dos Governadores Pró-Etanol, entidade criada em 1991. Esta coalizão reúne 32 Estados norte-americanos, além de representantes institucionais do Brasil, Canadá, México, Suécia e Tailândia. Juntos, Brasil e EUA, são responsáveis pela produção de 70% do montante geral mundial.
Thame lembra que é fundamental para o Brasil investir no aumento e na diversificação da produção do etanol, como uma importante fonte geradora de empregos, capaz de somar mais de 400 mil novos postos de trabalho diretos nos próximos 10 anos, caso a produção nacional seja duplicada. A maior preocupação da rede, declara seu presidente, é colocar dados concretos sobre a questão ambiental, tentado demonstrar que o Brasil não atropela a legislação ambiental, no caso de biocombustíveis.
“A rede não pretende certificar socioambientalmente o álcool, mas, as ONGs (Organizações Não-governamentais) que vêm para cá nesse sentido, têm saído razoavelmente satisfeitas”, defende. Sobre a escolha do G-8, com exceção da Alemanha, da energia nuclear para a substituição do petróleo, Thame não acredita que foi posta uma barreira para energia renovável e critica a decisão. “O que não existem são barreiras para a energia nuclear, o que deveria haver.
Mas, países que não têm terra e não têm queda d‘água, não têm condições de implantar energia a partir de biomassa”, avalia o deputado. Nesse sentido, ele recomenda que a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) forneça gratuitamente a tecnologia nacional para países pobres. “Tem muito lugar do mundo produzindo cana e oleaginosas para reverter em combustíveis.
Os africanos são um exemplo disso”, diz Thame. Ele também atacou a política brasileira para o biodiesel. “É uma política tímida e medrosa, se faz todo um carnaval para atingir apenas 2% da necessidade nacional. Além do que, o produtor é obrigado a vender tudo para a Petrobras”, diz o tucano.
(Por Cristiane Bonin Barcella, JP Jornal, 18/07/2006)
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