A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) estreitou na semana passada os padrões de saúde pública relativos à lavagem a seco, afirmando que as empresas que fazem esse tipo de lavagem devem parar de usar solventes tóxicos em suas máquinas até 2020. Oficiais da EPA disseram que as novas restrições ao percloroetileno, também conhecido como perc, um perigoso poluente do ar, irão reduzir a exposição dos norte-americanos a substâncias químicas ligadas ao câncer e a danos neurológicos. Contudo, os ambientalistas afirmaram que a legislação não é suficiente, pois levará diversos anos para que sejam retiradas de uso as máquinas que empregam esses solventes perigosos.

Cerca de 28 mil empresas de lavagem a seco no país, a maioria delas em cidades grandes como Nova Iorque e Washington, usam perc nos seus processos. No total, 1,3 mil delas operam em prédios residenciais. Vários estudos científicos detectaram uma conexão entre a exposição ao perc, por parte de empregados que atuam com lavagem a seco, e disfunções neurológicas, inclusive alto risco de câncer. Um estudo feito com um casal de Nova Iorque vivendo sob uma loja de lavagem a seco mostrou que eles apresentavam elevados teores de perc no seu sangue, na urina e no leite materno. "Isto é um passo importante na nossa estratégia abrangente de expandir e fortalecer a proteção à saúde pública na indústria da lavagem a seco", disse William Wehrum, assistente administrativo da EPA para a radiação aérea.

Para Judith Schreiber, cientista chefe do Escritório de Proteção Ambiental da Procuradoria-Geral de Nova Iorque, "há boas e más notícias" na decisão da EPA. Ela deu boas-vindas a qualquer operação nova sobre o perc em prédios residenciais, mas questionou por que a agência ambiental estava permitindo que empresas de lavagem a seco se desfizessem de suas velhas máquinas, há 14 anos, de modo a facilitar a instalação de lavagens a seco em prédios residenciais e centros do tipo day care, onde não são cumpridos padrões ambientais mais estreitos. "Toda uma geração de nascituros, crianças e mães jovens estará certamente exposta a elevados níveis de perc em seus lares", observa.

Frank O Donnell, presidente do grupo de defesa Clean Air Watch, nota que os próprios oficiais da EPA dizem que os americanos estão vivendo sob lavagens a seco e ainda estarão expostos por muitos anos a substâncias químicas nelas usadas, segundo as novas regulamentações. Os agentes da EPA, por sua vez, escreveram que a operação de desativação desse tipo de substância permite ao governo proteger a saúde pública "sem causar impacto econômico adverso inaceitável" para a indústria. Segundo a EPA, as lavagens a seco já conseguiram reduzir suas emissões de perc de 25 mil para 10 mil toneladas por ano na década passada, substituindo velhas máquinas de secagem e melhorando a eficiência de outras máquinas.
(Por Juliet Eilperin, The Washington Post, 15/07/2006)