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2006-07-18
O Acre já dispõe de um planejamento estratégico para ter a energia necessária que poderá lhe permitir se consolidar nos próximos anos como um dos estados mais ricos da Amazônia a partir da exploração sustentável dos valiosos recursos de sua floresta.

O responsável por esse planejamento energético é o engenheiro João Neves Teixeira Filho, superintendente de Planejamento da Expansão das Centrais Elétricas do Norte (Eletronorte), que detém larga experiência nas potencialidades da Amazônia para gerar energia elétrica a partir de grandes, médias e pequenas hidrelétricas, da produção de gás e do chamado biocombustível, obtido dos óleos vegetais presentes na floresta.

O planejamento estratégico da Eletronorte, feito a pedido do governo acreano e do senador Tião Viana, vice-presidente do Senado Federal, garante que o estado pode dispor de toda a energia que necessitar para crescer economicamente a partir destas três alternativas de geração renovável de energia.

A primeira das alternativas, que já garante hoje 50% do abastecimento de Rio Branco, é a energia elétrica que está vindo pelo chamado Linhão construído entre Porto Velho e a capital acreana. Essa energia é proveniente atualmente em parte da usina hidrelétrica de Samuel e em parte da produção do parque termelétrico instalado na capital rondoniense.

Segundo João Neves, essa fonte de produção energética para o Acre vai se ampliar ainda mais a partir do momento em que a Eletronorte dispor da linha de transmissão de 330 quilômetros que vai começar a ser construída entre os municípios de Jauru, no Mato Grosso, e Vilhena, em Rondônia. “Essa obra deve ser concluída em julho de 2008”, informa o engenheiro.

Este é o trecho que falta para Rondônia e o Acre se integrarem definitivamente ao chamado Sistema Interligado Nacional (SIN), que é abastecido em sua maioria pelas grandes hidrelétricas do país, tais como Itaipú e Tucuruí, entre outras. O leilão para a construção dessa linha de transmissão, avaliada em cerca de R$ 250 milhões, tem lançamento previsto já para o dia 19 de agosto próximo.

A tranqüilidade para os empresários investirem na economia acreana nos próximos anos, segundo João Neves, também será alcançada pela segunda alternativa viável de produção energética em favor do estado. Esta será alcançada tanto pela energia a ser produzida pelo gás proveniente da região peruana de Camiséa, a pouco mais de 400 quilômetros de Assis Brasil, quanto pelo gás originário da grande reserva de Urucu, no Amazonas. “O gás de Camiséa depende do avanço da integração e do interesse do governo peruano em investir na obra”, completa o engenheiro.

Linhões ampliam garantia do abastecimento
A energia gerada pelo gás dessa segunda reserva chegará ao estado através do gasoduto previsto para ser construído, nos próximos três anos, até Porto Velho. No futuro, esse gasoduto poderá, inclusive, ser estendido até a capital acreana, desde que o consumo da região compense o investimento a ser feito.

As alternativas energéticas do sistema de geração nacional e das duas grandes reservas de gás situadas próximas ao estado vão garantir inicialmente o aumento da produção econômica esperada para Rio Branco e para todos os outros municípios situados nos vales dos rios Purus e Acre, que vai de Sena Madureira a Assis Brasil.

Para isso, já estão sendo construídos um linhão entre Sena Madureira e Rio Branco, previsto para ser concluído até março de 2008, e outro linhão entre Rio Branco e Epitaciolândia, com data de funcionamento previsto para até dezembro do próximo ano. As duas obras estão orçadas em R$ 150 milhões, com recursos já garantidos pela Eletronorte.

As chamadas pequenas linhas de transmissão entre Sena Madureira e Manoel Urbano e entre Epitaciolândia e Assis Brasil, segundo o engenheiro João Neves, estarão a cargo da Eletroacre, a distribuidora de energia do estado. O passo a seguir será construir novas linhas de transmissão para também interligar as cidades do Vale do Juruá ao sistema nacional de produção energética.

A terceira alternativa absolutamente viável para o estado será a produção de energia elétrica a partir do biocombustível, que poderá atender, junto com pequenas hidrelétricas, a demanda energética que será criada pelas comunidades extrativistas localizadas no interior da floresta e na beira dos rios e igarapés do estado, particularmente no Vale do Juruá. É esperada uma significativa demanda deste setor nos próximos anos a partir do crescimento previsto para a produção de uso múltiplo sustentável dos recursos florestais.

O biocombustível deverá ser obtido preferencialmente dos óleos vegetais oriundos do manejo florestal das palmeiras e outras espécies nativas da floresta acreana. A energia a ser usada no interior da floresta virá tanto da biomassa de resíduos de madeira quanto dos óleos vegetais que, misturados ao diesel, criam o chamado biodiesel, que representam opções muito mais vantajosa para os extrativistas dos pontos de vista social, econômico, técnico, ambiental e político.

Além de garantir o abastecimento para as casas e os sistemas produtivos das comunidades extrativistas, o biocombustível vai substituir o caro e poluente diesel, que é usado hoje nas barcos de transporte de pessoas e de produtos no interior do estado.

O planejamento energético para o Acre, de acordo com a Eletronorte, prevê investimentos globais no estado, entre os anos de 2006 e 2010, de cerca de R$ 135 milhões, valor mais de sete vezes superior aos R$ 18,5 milhões que foram investidos pela estatal de energia entre os anos de 2003 e 2005.

Pesquisas vão medir potencial de biocombustível
Para garantir a energia em favor das chamadas comunidades do interior do estado, a Eletronorte já está fazendo investimentos da ordem de R$ 5,6 milhões para medir o real potencial de produção dessas fontes renováveis de energia, representadas pela biomassa e pelos óleos vegetais.

A primeira parte dos estudos visa desenvolver uma cadeia piloto de geração de biocombustível no estado. Para isso, serão feitas pesquisas sobre cultivares, sobre as espécies nativas da região, sobre os buritizais, sobre a produção de álcool a partir da batata doce e sobre o desenvolvimento de um modelo de geração de renda com autoprodução de energia pelas comunidades isoladas.

Essa parte dos estudos prevê pesquisas sobre a produção do biocombustível através das técnicas de transesterização e do craqueamento. Os investimentos contemplam, também, a fabricação, montagem e instalação de 30 unidades individualizadas de geração de energia elétrica para suprimentos de domicílios nas comunidades isoladas do estado.

Outras metas prevêem estudos do inventário hidrelétrico dos rios acreanos, do levantamento dos resíduos florestais, das tecnologias de geração de energia com uso dos resíduos florestais, da gaseificação da biomassa para geração de energia e de usinas hidrelétricas com potencial estimado de 20 mil quilowatts.
(KaxiANA – Agência de Notícias da Amazônia, 17/07/2006)
http://www.kaxi.com.br/noticias.php?id=211

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