Uruguaiana, na Fronteira-Oeste, tem 5 mil catadores de lixo. A constatação é da fundadora do Centro de Educação Ambiental Nova Esperança (Ceane), Maria Medianeira, ao avaliar a situação da comunidade carente do município. "Hoje, centenas de famílias do bairro Nova Esperança II, algumas se alimentando com sobras de comida encontradas no lixão, sobrevivem de maneira subumana", lamenta a professora.
O problema afeta crianças, adolescentes e adultos de todas as idades que, muitas vezes, vêem no caminhão de lixo fonte de renda e a possibilidade da refeição do dia. Segundo Maria, semanalmente, os catadores de lixo reciclável arrecadam, em média, R$ 25,00, renda classificada como subsistência abaixo da linha de pobreza.
O material coletado sofre gradativa desvalorização. O papelão, que chegou a ser vendido a R$ 3,00 o quilo, é negociado a menos de R$ 1,00. Além da depreciação, há a concorrência de pessoas em melhores condições financeiras que, visando a uma receita adicional, ingressam no mercado, aviltando os preços pagos.
A professora diz que as autoridades precisam traçar uma política de inserção para a categoria, estimada na cidade, em estatísticas da Secretaria de Ação Social e Habitação, em 7 mil catadores.O Ceane, fundado em 2002, funciona na forma de cooperativa. O produto coletado é armazenado em um galpão e vendido às empresas de reciclagem.
Alguns materiais já estão sendo reciclados no próprio centro, mas falta equipamento para executar o processo. Empresas e pessoas físicas que queiram contribuir para o projeto poderão entrar em contato com o centro pelo telefone (55) 99067376.
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Correio do Povo, 16/07/2006)