Metade da América Latina vive em zonas afetadas pela desertificação
2006-07-18
Cerca de 50% da população da América Latina e do Caribe vive em zonas degradadas pela desertificação, que afeta 52% da região, disse na segunda-feira (17/07) o analista da ONU Sergio Zelaya, em um fórum realizado no Panamá. Dos 550 milhões de latino-americanos e caribenhos, entre 220 e 275 milhões "vivem em zonas degradadas", disse Zelaya, secretário-executivo para a América Latina e o Caribe da Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertificação e a Seca.
O hondurenho declarou à imprensa que existe uma relação direta entre a pobreza e a desertificação, que deteriora principalmente terras secas, pois "ambas convivem nas mesmas zonas, com as pessoas mais pobres vivendo nas zonas mais degradadas". Zelaya explicou que as regiões "levemente, pouco ou muito afetadas" pela desertificação são a Bacia do Pacífico entre o México e o Darién (fronteira entre o Panamá e a Colômbia), parte do Pacífico andino, o nordeste do Brasil, 70% da Argentina e todo o Caribe.
O problema "é mais grave" no Caribe porque, por serem ilhas, nesses países "não há para onde ir" em busca de terras melhores, disse. Zelaya participou da inauguração da XI Reunião Regional da América Latina e do Caribe sobre Desertificação e Seca, na qual funcionários e analistas de 33 países revisarão os avanços no cumprimento da Convenção, vigente desde 1996.
A reunião foi inaugurada pelo secretário-executivo adjunto da Convenção, o alemão Gregoire de Kalbermatten, pela administradora da Autoridade Nacional do Ambiente do Panamá, Ligia Castro, e pelo diretor de Organismos e Conferências Internacionais da Chancelaria, Javier Bonagas. Kalbermatten fez um pedido aos países latino-americanos e caribenhos para fortalecer a cooperação, com o apoio das Nações Unidas e outros organismos internacionais, para evitar que a deterioração do solo continue.
O alemão ressaltou que a desertificação contribui para agravar desastres naturais como as inundações. Castro, por sua vez, enfatizou que a degradação dos recursos naturais é, ao mesmo tempo, causa e efeito da pobreza, e defendeu que se veja "também a parte humana" do problema.
Calcula-se que são perdidas, anualmente, 24 mil toneladas de camada cultivável no mundo, e que 70% dos 5,2 bilhões de hectares de terras secas destinadas à agricultura já estejam deteriorados, segundo dados da ONU divulgados durante o encontro, que terminará na próxima sexta-feira.
(EFE, 17/07/2006)
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