Em épocas de estiagem prolongada, como a que vive a região nos últimos tempos, é preciso pensar em formas de armazenar
água, preservando as nascentes e fontes. A forma mais eficaz de fazer isso é conservando e plantando árvores nativas, mas
tem ocorrido o oposto.
O presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente, Leônidas Ruaro Albuquerque, disse que as lenhas que se costuma
consumir para fogo na microrregião de Pato Branco, em especial no inverno, são oriundas de árvores nativas, como imbuia,
peroba, ipê, guamirim, angico, cedro, cedrinho, entre outras. "Essas lenhas não deveriam estar aí, por isso a importância do
reflorestamento. O eucalipto, por exemplo, entre sete a dez anos, terá madeira para extrair. Do contrário, em pouco tempo
estaremos num deserto", relatou.
Apesar do alto consumo de água que o eucalipto demanda 35 mil litros por ano no processo de evapotranspiração, é melhor
plantá-lo do que retirar as árvores nativas. "A evapotranspiração vai ser relativa à quantidade de água disponível no solo. A
quantidade de chuvas também vai aumentar desde que existam árvores nativas nas proximidades, que fazem o controle do
microclima. A água que o eucalipto suga e evapora retorna em forma de chuva", explicou.
O agravante de utilizar árvores nativas para fogo, entretanto, nem sempre permite que ocorra esse aumento na intensidade das
chuvas. "Na região ainda estamos na fase embrionária de reflorestamento. É importante que neste início as pessoas definam
bem aonde vão plantar, pois se o plantio acontecer em local inadequado vamos retirar essas árvores", alertou.
O chefe regional do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), Normélio Bonatto, explicou que os locais técnicos corretos são
indicados no Código Florestal e prevê que ocorram mantendo distância de nascentes, banhados e fontes de água, pois a
necessidade de água dos eucaliptos pode vir a secar a fonte. "Os reflorestamentos precisam da avaliação de um engenheiro
florestal para fazer o projeto, pois quem planta quer retirar. Isso permite fazer o manejo correto na hora do corte".
(Por Daiana Pasquim,
Diário do Sudoeste, 14/07/2006)