A formação de um pólo cerâmico exportador na Metade Sul - a partir do aproveitamento de subprodutos do carvão, como argila e cinza -, e a transformação do minério em combustível gasoso serão reflexos positivos dos investimentos do governo do Estado nas lavras que abastecem as termelétricas do Rio Grande do Sul.
"Basta instalarmos unidades cativas às usinas geradoras", sustenta o presidente da Companhia Rio-Grandense de Mineração (CRM), David Turik Chazan, que acompanhou o secretário estadual de Energia, Minas e Comunicação, José Carlos Brack, em visita guiada à lavra de Candiota na semana que passou.
A mina, localizada na zona da Campanha, vai aumentar a produção de 2 milhões de toneladas/ano para 5 milhões de toneladas/ano para suprir o complexo que está sendo construído pela Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) e que iniciará operações em janeiro de 2010. O incremento da extração envolve um aporte mínimo R$ 20 milhões - com recursos próprios e financiamento direto dos fornecedores de equipamentos - até o final deste ano. A CRM ainda está prevendo a duplicação de seu faturamento nos próximos quatro anos. Em princípio, os contratos de entrega de carvão mineral, a serem firmados com a Eletrobrás, devem ter durabilidade média de 15 anos, prazo que pode ser estendido ao período de vida útil da usina.
"Trabalhamos com carvão há muito tempo, já tivemos altos e baixos, mas não tenho dúvida que estamos registrando um ciclo de grande crescimento no Estado, que detém 90% das reservas nacionais do produto, e não perderemos a oportunidade", garante Chazan, convicto da viabilidade econômica do uso "direto e sem restrições" do carvão pela indústria nacional. O dirigente afirma que apoiar a implantação de plantas geradoras como Jacuí, Seival, CTSul, além de Candiota, significa "sair à frente na solução de problemas futuros com a falta ou a própria escassez de energia hídrica".
O presidente da CRM lembra que as tecnologias disponíveis permitem queima limpa do carvão com emissões dentro dos rigorosos padrões de exigência ambiental, provocando mínimo impacto sobre a natureza. "Somos cuidadosos neste aspecto e temos tecnologias ambientais modernas", diz ele.
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Correio do Povo, 16/07/2006)