Projeto da UCPel explora o poder do sol
2006-07-14
Imagine um braço mecânico, artificial, que se movimente no sentido do
Sol. Agora o insira no contexto urbano das cidades, em diferentes áreas.
Foi com essa proposta que o engenheiro civil e aluno do último semestre
do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católica de Pelotas
(UCPel), Ricardo Fernandes Bonini, criou um shaft - equipamento de placas
fotovoltaicas que absorvem a energia solar e a transforma em energia
elétrica.
Em busca da melhor angulação com relação ao Sol, o equipamento de
inteligência artificial se move no mesmo sentido de rotação da Terra,
criando diferentes desenhos geométricos, como planos e curvas, o que
promove formas diferenciadas e requinte arquitetônico. “É muito
importante nos dias de hoje por se tratar de auto-sustentabilidade.
E com ele eu consigo criar figuras bonitas e interessantes para os
espaços de convivência e lazer”, explica Bonini.
Em estrutura metálica, esses braços atuam sobre um único eixo, dando
alternância aos formatos. Muitas vezes as seqüências lembram um pássaro,
devido à busca da melhor angulação em relação ao Sol. “Transmite traços
da arquitetura pós-moderna”, complementa o estudante.
Entre as possibilidades de inserção estão rodovias, estações de trem
e metrô, praças e hidrovias. Sua aplicação segue uma linearidade, no
translado de veículos, eixos e cabeceiras das pistas. A proposta é suprir
a necessidade de combustível dos automóveis encarregados dos transportes
massivos de pessoas e sustentar parcialmente pontos urbanos estratégicos
que façam limite com o equipamento. O combustível seria a própria energia
solar, um recurso natural.
CRIAÇÃO
O projeto foi desenvolvido com o objetivo de utilizar novas energias
sem promover danos ao planeta. “No futuro os recursos naturais estarão
escassos”, lembra Bonini. Através dele absorve-se a energia solar limpa,
renovável e disponível gratuitamente, sem qualquer tipo de poluição,
inclusive sonora, já que diariamente o Sol envia milhões de fotons
(desperdiçados) à Terra.
Absorvida, a energia solar é transformada em elétrica,
enviada a um gerador e distribuída aos pontos de interesse.
À noite, uma alternativa seria o uso de radiação. “É válido ressaltar
que a energia elétrica convencional também se faz necessária devido às
condições climáticas nem sempre serem ideais”, explica o pesquisador.
VIABILIDADE
O sistema foi desenvolvido para requerer o mínimo de manutenção e longa
vida útil. Por se tratar de um projeto futurista, sua viabilidade
econômica não foi averiguada. Bonini prevê que, inicialmente, o alto
custo possa limitar a sua aplicação. Mas isso seria apenas uma questão
de tempo.
“O avanço da tecnologia é algo bárbaro. Num futuro próximo certamente
existirão novos materiais, com a mesma função e de menor custo. Isso fará
com que mais nações possam usufruí-lo, inclusive aquelas menos
desenvolvidas e com população massiva”, analisa.
CONCURSO
A idéia surgiu a partir da seleção promovida pela Bienal Internacional
Velux Awards, promovida na Dinamarca, que busca novas tecnologias à
indústria da luz. Inscrito no concurso, Bonini concorre com outros dois
mil participantes de 96 países. O resultado está previsto para ser
divulgado até outubro. Os 20 selecionados irão a Bilbao, na Espanha,
onde os três vencedores serão anunciados. “É um projeto futurista. O
concurso sugere isso, que as idéias se passem no futuro.”
ORIENTAÇÃO
O projeto contou com orientação dos professores Noé Vega Cotta de Mello,
Marta Costa Amaral, Ricardo Brode Mendez e Carlos Lhullier da Cunha e
com apoio do físico Lande Júnior e do aluno de Arquitetura da UCPel
Gabriel Gadret da Silva.
(Diário Popular, 14/07/2006)
http://www.diariopopular.com.br/