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2006-07-14
Propondo alternativas ao modelo construtivo e de vida devorador de energia elétrica, os dois seminários Cidades Solares realizados no Rio Grande do Sul nesta semana - Gramado na segunda e Porto Alegre, na terça-feira - demonstraram que é possível, com o interesse da iniciativa privada e o redirecionamento de políticas públicas, conseguir-se em pouco tempo a diminuição de quase 8% no consumo de energia elétrica convencional.

Os seminários são promoções do Núcleo Amigos da Terra Brasil , Vitae Civilis - Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz, Departamento de Aquecimento Solar da ABRAVA - Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento e Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre, em Porto Alegre, com apoio do Gabinete da Vereadora Mônica Leal e GT Energia e GT Clima do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS). Em Gramado, além do NAT, do Vitae Civilis e da Abrava, promoveram a atividade a Municipalidade e a Consultoria Ambiental. Apoiaram a iniciativa o Movimento Ambientalista da Região das Hortênsias, os Conselhos Municipais de Defesa do Meio Ambiente de Canela e de Gramado e a OAB/RS, subsecção de Gramado/Canela. Em Porto Alegre, o Secretário Municipal do Meio Ambiente, Beto Moesch, também participou das atividades.

A Coordenadora-Executiva do Núcleo Amigos da Terra Brasil, Lúcia Ortiz, registra à EcoAgência de Notícias que os dois seminários tiveram características diferentes mas complementares. O realizado em Gramado, reuniu o setor hoteleiro e os fabricantes de equipamento, basicamente. O de Porto Alegre foi mais amplo e discutiu profundamente rumos para mudar políticas públicas do setor.

Gramado - "Os hoteleiros lembraram que durante o apagão energético de 2001, muitos empresários passaram a utilizar a energia solar para aquecimento da água do banho", narra Lúcia, "mas, quando o frio foi muito forte, os canos racharam o que ocasionou descrétito com a tecnologia". Com a rapidez da necessidade de tomada de decisões, entraram no mercado muita gente despreparada para executar com eficácia aquilo que vendiam, registrou a Lúcia. "Há soluções técnicas para o problema", ressaltou. Para a serra do Rio Grande do Sul, lembra, ainda será sempre necessário um sistema complementar com base na biomassa, para a calefação, "mas a utilização da energia solar térmica já coloca níveis de eficiência muito satisfatórias no sistema energético local".

"Esperamos que os hoteleiros adotem medidas de melhoramento no sistema energético de forma voluntária, sem a coerção por lei ou outros dispositivos", afirmou a coordenadora do Núcleo Amigos da Terra.

Porto Alegre - Com um outro perfil, na presença de estudantes, profissionais da área da Arquitetura, da construção civil e do movimento ambientalista, o debate girou em torno das políticas públicas nas áreas de energia e de planejamento urbano, o que resultou, ressalta, Lúcia, em frutífero contato entre os fabricantes de equipamento vinculados à ABRAVA, o movimento social ambientalista que trabalha a questão e a CEEE, que é a distribuidora de energia elétrica na região metropolitana de Porto Alegre e que pode incentivar a difusão da tecnologia solar térmica através dos recursos previstos de 0,5% do seu faturamento que por lei devem ser destinados a programas de eficiência energética.

Surgiu o compromisso assumido pela Vereadora Monica Leal de apresentação de um projeto de lei, a exemplo do projeto de Campina Grande, que prevê o incentivo fiscal para o uso de coletores solares nas novas edificações. Lembra Lúcia que "a proposta encaminha uma conclusões da 4ª Conferência Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre, realizada em maio de 2006". Foi decidida "a criação de mecanismos econômico-financeiros e legais no sentido da utilização de energia solar passiva para aquecimento de água, em substituição aos aquecedores elétricos convencionais, principalmente em novas construções".

Como bom encaminhamento do evento, um deles, que Lúcia faz questão de registrar, foi formada uma Comissão integrada por interessados em discutir o projeto de lei. O evento reforçou a rede de arquitetos e engenheiros, a maioria vinculados ao Núcleo Orientado para a Inovação da Edificação, vinculado à Faculdade de Engenharia da UFRGS. que já buscam aplicar nos seus projetos e iniciativas o uso destas tecnologias de maior eficiência energética, uso passivo da energia solar e uso de energia solar térmica e fotovoltaica.

Estes Arquitetos e Engenheiros, lembra a Lúcia, também estão trabalhando de forma coletiva na nova sede do Núcleo dos Amigos da Terra, em Porto Alegre, que será um exemplo e centro de referência na aplicação prática destes conceitos a partir da reforma de uma edificação convencional.

Próximo evento - A Vitae Civilis vai realizar o Seminário Cidades Solares na sexta-feira (14/07) na cidade de Florianópolis.
(Ecoagência, 13/07/2006)
http://www.ecoagencia.com.br/index.php?option=content&task=view&id=1710&Itemid =2

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