Ford investirá na popularização dos veículos movidos a biocombustível
2006-07-14
O Brasil tem um aliado de peso em sua campanha na Alemanha para atrair novos
consumidores e mercados para o uso de biocombustíveis. A Ford anunciou, em
seminário sobre o agronegócio brasileiro na Alemanha, que o carro “verde” está
no centro da estratégia da empresa.
Norbert Krueger, gestor de sustentabilidade e cidadania corporativa da Ford na
Alemanha, lembrou que o pioneiro Henry Ford popularizou os primeiros
automóveis no mundo com um modelo simples e que coubesse no orçamento da
maioria. Agora, a Ford decidiu que o modelo é o “verde”, ou seja, o carro que
não polui, usa energia sustentável do ponto de vista social e do meio
ambiente.
Por isso, a montadora está investindo na popularização dos veículos movidos a
biocombustíveis, especialmente os carros movidos a etanol. Na questão da
bioenergia e sua importância para o mundo, a Ford tem uma visão parecida com a
do Brasil, segundo Krueger. “Os interesses realmente são coincidentes”, disse
ele.
A Suécia é o país da Europa que está dando maior espaço ao etanol. O governo
sueco lançou, em 2001, um programa em conjunto com empresários e consumidores
para deixar o país “livre de petróleo até 2030”, segundo o executivo da Ford.
Atualmente, a Suécia já tem 22 mil veículos com motores flex-fuel e 360 postos
que vendem etanol. Já estão em andamento projetos importantes com apoio dos
governos na Noruega, Grã-Bretanha, Espanha e França.
De acordo com o representante da Ford, o sucesso da estratégia para
popularizar o uso do etanol na Europa ainda depende de algumas questões
importantes, como o preço. “Esse combustível tem que ter preços acessíveis”,
disse Krueger.
Outra questão decisiva para o sucesso dos biocombustíveis, segundo o executivo
da Ford, é que esse produtos precisam ser produzidos de forma responsável do
ponto de vista do meio ambiente e do social.
“O etanol tem que ser limpo ecologicamente e socialmente. Isso é chave no
mercado da Alemanha”, disse, observando que a mídia alemã tem criado uma
imagem às vezes negativa das plantações de cana de açúcar do Brasil.
De acordo com a mídia alemã, muitas vezes as plantações de cana de açúcar
provocaram derrubada da floresta ou são feitas com a utilização de trabalhos
forçados.
O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, que representou o governo
brasileiro no Seminário do Agronegócio brasileiro em Frankfurt, explicou que é
tecnicamente impossivel produzir cana de açúcar na região da floresta
amazônica. “Chove muito na região. A chuva em excesso impede que a cana
produza sacarose, tornando-se apenas um bambu”, explicou Rodrigues.
“Quanto à questão de trabalhos em más condições, temos que ter o cuidado de
não generalizar. São casos isolados e o governo atua com firmeza para
combatê-los. Mais ainda, se observarmos a classificação da ONU de acordo com o
Indice de Desenvolvimento Humano (IDH), vamos ver que esse índice subiu
justamente nos municípios em que a cana de açucar se instalou”, acrecentou o
ex-ministro.
Rodrigues também reconheceu a necessidade de informar a sociedade alemã sobre
como é efetivamente a realidade brasileira. “É preciso criar um canal de
comunicação com a comunidade alemã para que a questão da sustentabilidade
ambiental e social da produção de etanol no Brasil seja conhecida e fique mais
evidente.
(Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 13/07/2006)
http://www.agricultura.gov.br