A multinacional suíça de sementes Syngenta, que fatura anualmente de cerca de R$ 18,5 bilhões, ainda não pagou a multa de R$ 1 milhão que recebeu do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em março deste ano. Segundo as informações da organização não-governamental Terra de Direitos, a empresa é acusada de fazer cultivo experimental de soja transgênica em área de segurança ambiental, o que é proibido pela legislação do país.
O plantio de 123 hectares foi feito nos arredores Parque Nacional do Iguaçu, no município de Santa Tereza do Oeste (PR). Um hectare equivale ao tamanho de um campo de futebol.
O local dos experimentos ilegais da Syngenta foi ocupado em março por famílias ligadas à Via Campesina, organização que reúne os movimentos camponeses do mundo. O objetivo da ação era denunciar as investidas da empresa contra a biodiversidade. Segundo Maria Rita Reis, da coordenação jurídica da Terra de Direitos, o acampamento da Via Campesina, que permanece até hoje no local, reforça a necessidade de punição da multinacional.
“Até agora a empresa não pagou a multa e nem apresentou os recursos administrativos. Isso prova que o acampamento da Via Campesina no local é fundamental para manter a atenção da sociedade sobre a ilegalidade cometida [pela Syngenta] e sobre a necessidade de punição da empresa. Certamente, se não tivesse acontecido o acampamento, a esta altura todo mundo já teria se esquecido das irregularidades e provavelmente este já seria mais um caso de impunidade.”
Segundo o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que integra a Via Campesina, cerca de 100 famílias permanecem acampadas no local. Os camponeses pretendem transformar o ex-campo de experimentos com transgênicos, em uma área de sementes crioulas e modelo de produção agroecológica.
Agência Notícias do Planalto, Clara Meireles
(Por Clara Meireles,
Agência Notícias do Planalto, 11/07/2006)