Governador de Entre Ríos recomenda aos moradores que retomem os protestos contra as papeleiras
2006-07-14
A Argentina reagiu com uma mistura de decepção e esperança à derrota judicial que sofreu na quinta-feira (13/07) em sua disputa com o Uruguai pela construção de duas fábricas de celulose. A Corte Internacional de Justiça de Haia (CIJ) rejeitou a paralisação cautelar das obras de construção das fábricas. O Governo argentino respondeu destacando que o tribunal se reservou o direito de "suspender as obras" se for comprovado que prejudicam o meio-ambiente.
Os mais decepcionados foram os moradores de Gualeguaychú (Argentina), que lideraram os protestos contra a instalação. Ontem à noite, eles se reuniram para decidir se vão retomar ou não os bloqueios na estrada que liga a cidade a Fray Bentos, no Uruguai, onde estão sendo construídas as fábricas.
Entre novembro de 2005 e março de 2006, os habitantes de Gualeguaychú bloquearam por 84 dias a ponte internacional General San Martín. Na cidade argentina de Colón, a estrada para a uruguaia Paysandu também sofreu bloqueios, o que provocou prejuízos milionários no Uruguai.
O governador da província de Entre Ríos, Jorge Busti, recomendou aos moradores que retomem os protestos mas pediu que "sejam cuidadosos" para "não prejudicar" os interesses do país. Busti destacou que o presidente da Argentina, Néstor Kirchner, transmitiu a ele seu "otimismo" porque "acredita que a decisão da Corte de Haia é um aviso aos investidores".
O prefeito de Gualeguaychú, Daniel Irigoyen, admitiu sua "decepção" e alertou que as fábricas de celulose "já causam prejuízos econômicos". "Isto é uma grande injustiça, porque o pedido argentino era correto", disse Irigoyen. A secretária de Meio Ambiente, da Argentina, Romina Picolotti, também não escondeu sua "decepção", mas mostrou uma certa dose de "esperança".
"A decisão judicial não é definitiva nem contrária aos interesses da Argentina", disse. Para ela, também é essencial que os "bancos entendam que as fábricas de celulose não são um investimento seguro", porque "é inevitável" que contaminem o ambiente quando terminarem as obras.
A Chancelaria argentina afirmou que o Governo recebe "com satisfação" o fato de que a Corte "admite expressamente a possibilidade de desmontar as unidades se ao longo do caso for demonstrado que causam um dano ambiental irreparável". Segundo o tribunal de justiça das Nações Unidas, o dano argumentado pelo Governo argentino "não é iminente", porque a primeira fábrica só começará a funcionar em agosto de 2007.
(EFE,14/07/2006)
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