Prêmio Nobel da Paz destaca importância de florestas no controle do aquecimento global
2006-07-14
“A Amazônia e a floresta do Congo são os dois ecossistemas mais importantes do mundo, quando pensamos no controle do aquecimento global”, afirmou na quinta-feira (13/07) a ambientalista queniana Wangari Maathai, de 64 anos, a primeira mulher africana a receber o Prêmio Nobel da Paz, em 2004. Ela se destaca pela militância pacífica para a recuperação ambiental das florestas de seu continente e é uma das participantes da 2ª Ciad - Conferência dos Intelectuais da África e da Diáspora.
Maathai contou que esteve no Brasil, pela primeira vez, em 1992, durante a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, no Rio de Janeiro. "Não estive na Amazônia, mas tenho conhecimento dos mecanismos de proteção da floresta. Na verdade, estou sempre falando da proteção da Amazônia e da floresta do Congo", afirmou.
Com o objetivo de replantar as florestas do entorno de comunidades rurais no Quênia, ela fundou em 1977 o Movimento Cinturão Verde (www.greenbeltmovement.org). O grupo defende que cada pessoa deveria plantar pelo menos 10 árvores na vida, como forma de diminuir o impacto ecológico causado pelo homem. E desde a fundação, já foram plantadas mais de 30 milhões de árvores na África.
O movimento também dá especial atenção à condição das mulheres africanas, defendendo causas como o planejamento familiar, a nutrição e a luta contra a corrupção. O projeto já ultrapassou as fronteiras da África e hoje recebe financiamento de várias organizações internacionais, como o Banco Mundial. "As pessoas que se sentem excluídas, excluídas da grande sociedade, ficam com raiva, frustradas. E muitas vezes elas podem reagir de maneira a causar conflitos na sociedade. Essa conexão é extremamente importante e o projeto tenta mostrar essa ligação", explicou.
Segundo Maathai, trata-se também de um trabalho educacional, que ensina a preservar os recursos naturais de forma sustentável e dividi-los igualitariamente, evitando o surgimento de conflitos na sociedade. “Se você olhar o mundo hoje e olhar para os muitos conflitos no mundo que temos hoje, não há exceção: estão todos baseado na falta de escrúpulos em explorar os recursos naturais e controlar esses recursos”, afirmou.
Atualmente, Wangari Maathai trabalha no Ministério do Meio Ambiente do Quênia. Ela é também a primeira mulher de seu país a ter obtido o título de doutora em Ciências Biológicas, no Mount St. Scholastica College, nos Estados Unidos.
(Por Irene Lobo, Radiobrás, 13/07/2006)
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