A ausência da chuva revela conchas, galhos retorcidos e vegetação onde
a água abundante deveria estar presente. A Barragem Santa Bárbara,
que abastece cerca de 50% do município de Pelotas, está 3m18cm abaixo
do nível normal e precisa de ajuda para manter abertas as torneiras
da cidade.
Para isso, o município espera começar amanhã a retirada de água de um
arroio para recuperar a barragem. Além da redução na quantidade - em
média, o nível cai dois centímetros por dia -, a estiagem afeta a
qualidade da água. As margens apresentam coloração verde e vermelha,
em função da decomposição de algas.
Para tentar solucionar o problema, o Serviço Autônomo de Saneamento
de Pelotas (Sanep) transporá água do Arroio Pelotas para a barragem.
A medida deve aliviar o sufoco, evitando um racionamento iminente.
E diminuir os gastos, que se aproximam dos R$ 2 milhões, com produtos
para tratamento do líquido.
- A demora para transpor a água está custando muito aos cofres públicos
- afirma o diretor-presidente do Sanep, Hélio da Costa Silva.
A obra depende da liberação da Fundação Estadual de Proteção Ambiental
(Fepam). O órgão aguarda que o Conselho Técnico Municipal defina se a
autorização será de 90 ou 180 dias. Se a definição do prazo ocorrer
hoje, o Sanep espera ligar as bombas de transposição amanhã.
- O parecer da Fepam é favorável. Aguardamos apenas a definição da
comunidade - garante Jackson Müller, diretor técnico da Fepam.
A obra de transposição gerou impasse, pois havia suspeita da presença
de mexilhões-dourados no arroio. Constatada a ausência do molusco que
causou transtornos na captação de água em Porto Alegre, a liberação
ambiental foi garantida. O Sanep se comprometeu a monitorar o arroio
para evitar a aproximação do mexilhão, que poderia entupir a tubulação
e chegar à barragem.
Segundo os especialistas, a transposição não oferece risco ao ambiente
e já foi realizada em outros três períodos de estiagem.
(Por Eduardo Cecconi,
Zero Hora , 13/07/2006)