Seminário no BNDES discute plantios de eucalipto
2006-07-13
A responsabilidade do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao financiar os plantios de eucalipto no país será discutida em painel hoje (13/7). O painel será uma das atividades de seminário que será realizado nas instalações do próprio banco, no Rio de Janeiro, e contará com representante da Rede Alerta Contra o Deserto Verde.
O representante da Rede Alerta será Valmir Noventa, um dos coordenadores do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) no Espírito Santo. No painel onde será discutida a participação do BNDES no financiamento dos plantios de eucalipto também haverá representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terrra - Brasil (MST) e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
O seminário será no auditório Reginaldo Treiger do BNDES, localizado na avenida Chile, 100, primeiro subsolo, Centro, Rio de Janeiro. A realização é do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e da Rede Brasil sobre Instituições Financeiras Multilaterais. O seminário "O BNDES que temos e o que queremos - O papel do banco no financiamento ao desenvolvimento nacional democrático" será realizado entre das 9h30 às 17h.
O BNDES é acusado de ser o agente do governo federal para financiar gigantescos plantios de eucalipto no país, como os da Aracruz Celulose. Segundo cálculos do MPA até 2003, em 30 anos a Aracruz Celulose recebeu favores do governo federal que totalizam R$ 13 bilhões. E os financiamentos continuam. Neste período, todo o dinheiro aplicado em agricultura no Espírito Santo totaliza apenas R$ 1,5 bilhão.
Os financiamentos à Aracruz Celulose são realizados apesar de a empresa ter destruído pelo menos 50 mil hectares de mata atlântica, somente no Estado, embora algumas lideranças, como Valmir Noventa, apontem a destruição de pelo menos 100 mil hectares de mata atlântica pela empresa somente no Espírito Santo.
O controle acionário da Aracruz é exercido pelos grupos Safra, Lorentzen e Votorantim (28% do capital votante cada) e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES (12,5%). As ações preferenciais da empresa, perfazendo 56% do total do capital, são negociadas nas Bolsas de Valores de São Paulo, Nova York e Madri. Já a Veracel é parceria da Aracruz Celulose com a Stora Enso (cada uma com 50% do controle acionário).
(Por Ubervalter Coimbra, Século Diário – ES, 11/07/2006)
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2006/julho/11/index.asp