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2006-07-12
A maratona burocrática que a multinacional sueco-finlandesa Stora Enso enfrenta para registrar as terras adquiridas no oeste gaúcho não se repete no Uruguai, onde as negociações para instalação de uma operação estão bem adiantas. Aliás, praticamente fechadas. Na noite de segunda-feira (10/07), o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, anunciou a seus ministros que vai autorizar a construção de uma fábrica de celulose da companhia. Para tanto, o presidente uruguaio deve oferecer à multinacional o mesmo status de zona franca que ajudou a atrair outras duas empresas do setor para o país. A condição implica isenção de impostos por mais 30 anos.

Com a autorização do Ministério do Ambiente e do Ministério da Pecuária e Agricultura do Uruguai, a unidade deve ser instalada na costa do rio Negro, no centro do país, entre as cidades de Paso de los Toros e San Gregorio de Polanco, no Departamento de Durazno. A fábrica será abastecida com madeira obtida no base florestal estimada em 100 mil hectares, que deve ficar concentrada no Departamento de Rio Negro, no oeste uruguaio, informou a Agência Estado. A exemplo do projeto gaúcho, no Uruguai, a Stora Enso está iniciando uma base florestal. Para dar largada ao plantio, a empresa encomendou 6 milhões de mudas de eucalipto produzidas pela empresa gaúcha Tecnoplanta, de Barra do Ribeiro. O número é suficiente para cerca de 3,6 milhões de hectares, segundo o gerentes de Tecnoplanta, Eudes Marchetti.

Mesmo com as dificuldades enfrentadas pela empresa para regularizar a implantação da base florestal no Rio Grande do Sul, o diretor da International Business in Eucalyptus (IBE), Leonel Menezes, acredita que a confirmação do projeto uruguaio não deve representar uma desistência ou adiamento do empreendimento no Rio Grande do Sul. Ele explica que a Stora Enso atua no segmento de celulose branqueada de eucalipto, que vem crescendo 5% ao ano no mundo. Tanto a fábrica uruguaia como a que poderá ser instalada no Rio Grande do Sul devem ter capacidade para produzir 1 milhão de toneladas de celulose por ano.

Menezes explica que a instalação de operações no sul da América do Sul marca uma tendência de transferência do centro da produção mundial de celulose da Europa para o Rio Grande do Sul e Uruguai. A projeção é reforçada pelas diferenças nos custos de produção. Na Europa, segundo Menezes, o custo está muito próximo do valor de mercado da tonelada do produto, que é de US$ 430. "Já este custo na América do Sul não ultrapassa os US$ 240", revela.

Ele admite que a multinacional sueco-finlandesa poderia até aproveitar a base florestal gaúcha para abastecer a fábrica uruguaia, que ficaria a cerca de 350 quilômetros de distância, mas não descarta que a companhia confirme o investimento previsto para o Estado. "Além do mercado internacional, há uma demanda de papel branco no Brasil, que ainda importa 65% do que consome", explica.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Stora Enso afirmou que ainda não recebeu nenhum comunicado do governo uruguaio referente à autorização. A companhia admite que, por conta do rigor da legislação brasileira, o projeto uruguaio pode "deslanchar mais rapidamente". No entanto, garante que a desistência do empreendimento no Rio Grande Sul "nunca foi cogitada, uma vez que são projetos que caminham paralelamente".
(João Guedes - Jornal do Comércio, 12/07/2006)

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