A soja é muito melhor do que o milho como base alternativa para combustíveis fósseis, de acordo com um novo estudo da Universidade de Minnesota. Segundo os pesquisadores, o biodiesel de soja confere 93% a mais de energia do que a quantidade requerida para produzi-lo. No caso do milho, este percentual é de apenas 23%.
As descobertas dos pesquisadores foram liberadas na tarde de segunda-feira passada (10/07) pela Academia de Ciências dos Estados Unidos, vindo ao encontro de estudos anteriores segundo os quais há uma perda bruta de energia na produção de etanol a partir de milho, devido ao custo dos equipamentos, aos impactos ambientais e ao processo de destilação.
Contudo, os autores dizem que, independentemente dos benefícios brutos, nem a soja, nem o milho, poderiam ser fundamento para qualquer indústria alternativa de combustíveis porque eles podem substituir apenas uma fração do consumo norte-americano de petróleo – mesmo se toda a produção nos Estados Unidos for direcionada da alimentação para combustível.
"Nem o biodiesel pode substituir tanto petróleo sem impacto sobre o abastecimento alimentar", diz a pesquisa, observando que a demanda global por alimentos deverá dobrar dentro de 50 anos, ao mesmo tempo em que a demanda global por combustível para transporte irá dobrar em 32 anos, consideradas as taxas atuais de consumo.
"Transformar lavouras para alimentação em energia quando, de ato, necessita-se de alimentos, quando a demanda por alimentos está se elevando no mundo, não é uma política muito inteligente”, afirmou o co-autor da pesquisa, David Tilman, em entrevista.
Ele acredita que métodos mais custo-efetivos de produção de etanol devem ser desenvolvidos, como fabricá-lo a partir de grama ou fibra de madeira.
O estudo divulgado segunda-feira é o mais detalhado exame de dados sobre custos energéticos associados à produção dos chamados biocombustíveis, que processam plantas para convertê-las em energia que pode ser empregada para mover automóveis, substituindo petróleo, diesel ou gasolina.
O estudo chega no momento em que a indústria norte-americana de automóveis está tentando encontrar alternativas para a substituição de combustíveis fósseis por outros menos dependentes de importações. Na segunda-feira mesmo, por exemplo, a Suncor Energy Inc., com sede em Calgary, anunciou que começaria a produção de etanol de milho em uma nova fábrica de US$ 120 milhões, em St. Clair, Ontario, Canadá.
A Suncor espera produzir 200 milhões de litros de etanol por ano, tornando-se a maior produtora desse combustível no Canadá. Também na semana passada, a Agência de Informações sobre Energia nos Estados Unidos constatou que os três maiores fabricantes de automóveis do país passarão a colocar dois milhões de veículos a biocombustíveis nas estradas norte-americanas até 2010.
(Por Scott Simpson, The Vancouver Sun, 11/07/2006)